domingo, 30 de março de 2008

Lei Tributária... sabe a pouco

Está em discussão no Parlamento a proposta de Lei Tributária há muito prometida pelo Governo.
É usual e seria de bom tom para que os cidadãos e cidadãs percebessem melhor o alcance da Lei que ela tivesse um preâmbulo justificativo consentâneo com a sua importância --- efectiva ou esperada --- na estruturação da economia do país.
Infelizmente nada disso acontece e dizer coisas do tipo "a presente lei visa o alívio da carga tributária que se tem revelado desajustada e excessiva face à realidade do país" é pouco. Diria mesmo que não é nada. Na verdade limita-se a afirmar sem apresentar dados que permitam confirmar tal "desajuste" e tal "excesso". Mais: esquece que a lei existente foi definida há alguns anos, quando nem se sonhava que as receitas do Mar de Timor seriam o que são hoje.

Mais ainda: parece dar-se a entender, ainda que pela negativa, que o sistema (a carga) fiscal é o elemento determinante das decisões de investimento e que, removido esse obstáculo, o investimento vai começar a jorrar... Puro e ledo engano! Veremos daqui a 5 anos, p.ex.
Há coisas bem mais importantes para as decisões dos investidores como, por exemplo, o sentimento de que se vive num ambiente de "primado da lei" e de "lei e ordem" e que as coisas andam nos serviços administrativos mesmo sem ser necessário "untar as mãos" de ninguém. Bem mais importante também é um sistema judicial que seja célere a decidir nos casos cíveis. Ao que consta o de Timor está praticamente bloqueado. Decisões/sentenças de cácaracá levam 5 e 6 anos para serem tomadas.
E se o objectivo é o de criar um ambiente favorável às empresas, como explicar o quase desaparecimento, na prática, da tributação do rendimento das pessoas individuais? Como se contribui para a invocada justiça social quando os impostos sobre o rendimento são reduzidos a simples vestígio?

Mais uma: quanto à revisão das tarifas alfandegárias nada se sabe sobre se foram ou não tomadas em conta as práticas correntes nos países da ASEAN (AFTA) a que Timor Leste quer associar-se. Será que se vão cobrar taxas mais baixas do que as que vigoram nas relações daqueles países com terceiros?
Além disso, ao baixar tanto essas tarifas está a deitar-se "para o brejo" um instrumento que pode ser fundamental para algum tipo de protecção a indústrias que pretendam instalar-se no país. A velha teoria sobre a necessidade de alguma protecção às "indústrias nascentes" é verdadeira, sim! Que o digam os países industrializados e os países do "milagre asiático" nas primeiras fases deste.
Para quê instalar indústrias "cá dentro" se se paga uma ninharia de taxas alfandegárias ao importar da Indonésia, por exemplo? Temo que este seja um muito mau sinal dado à economia, aos agentes económicos. Parece que mais vale ser "comerciante" que "industrial"!...

Enfim! Havia tanta e tanta coisa a explicar num bom preâmbulo à Lei... E nada se diz. Também, para quê estar a perder tempo com explicações se a maioria dos deputados vai assinar de cruz?!...
Será que estamos perante mais uma manifestação do "não se paga, não se paga" que tantos parecem apreciar?!... O país é rico porque tem o dinheiro do petróleo; para que é que havemos de estar a pagar impostos?!... Isso é coisa de países pobres!...

PS - porque é que o palavreado do maximini-preâmbulo me cheira tanto a Banco Mundial?!... Cheira a milhas de distância!...

Uma ponte longe demais

Acabei por dar a este 'post' o título de um dos filmes mais conhecidos sobre a Segunda Guerra Mundial. O filme apresenta a ofensiva das forças aliadas em Arnhem, na Holanda, para surpreender as tropas alemãs e se apoderarem da única ponte que atravessava o Reno que os próprios alemães não tinham destruído; a sua posse era essencial para entrar mais rapidamente na Alemanha e tentar acabar com a guerra.
Mas não é sobre o filme que quero falar mas sim sobre a terceira travessia do Tejo em Lisboa.
Sabendo da forma como a solução que aparece com mais hipóteses (Chelas-Barreiro) vai "bulir" com a movimentação de navios no rio ou se faz uma ponte suficientemente elevada ou se faz um túnel. Este pode não ser viável ali; aquela vai ser um "assassinato" da imagem de Lisboa.
Será possível uma ponte que "voe baixinho" como a "Vasco da Gama" e que a certa altura "mergulhe" no rio em vez de o querer galgar por cima? Talvez seja a melhor solução se se quiser fazer a ponte ali.
Mas porque terá ela de ser feita naquela zona? Não vai resolver nadica de nada!
As pontes devem ir "atrás" das pessoas e estas vão "atrás" das empresas que as empregam. Ora é evidente que a grande deslocalização de empresas e pessoas que Lisboa tem conhecido ao longo das últimas décadas é para poente da cidade, ao longo da A5 e da "linha de Sintra". É por isso que a "25 de Abril" continua a ser um pesadelo para toda a gente! A única solução para fornecer às pessoas uma forma conveniente para as levar de carro de sul para norte é fazer uma ponte a juzante da "25 de Abril" que desvie desta uma parte importante do trânsito que, de sul, se dirige para a A5 e a "linha de Sintra".
Mas a alternativa a dar às pessoas terá de ser esta? Não será, antes, preferível dar-lhes uma alternativa com transporte colectivo? Porque não arranjam forma de criar uma linha do "combóio da ponte" que, uma vez "do lado de lá", se dirija para aquelas zonas? E, claro, arranjem maneira de baixar RADICALMENTE os preços do transporte colectivo, nomeadamente do combóio. Enquanto não o fizerem ele NUNCA, nunquinha mesmo, será parte da solução do problema. E tem de ser.

sábado, 29 de março de 2008

Chinesices... de Macau

A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos de Macau divulgou agora as estatísticas sobre as Contas Nacionais de Macau para todo o ano de 2007. Daí recolhi as informações que permitiram construir os gráficos seguintes :E que tal? Viram bem o primeiro gráfico, sobre as taxas de crescimento do Produto global (27% em 2007!... Credo! Até dá vertigens de tão alta que é!...) e do Produto por pessoa (mais 20%! Eu também quero...)?
Tudo isto só foi possível devido ao aumento astronómico --- ia-me enganando e escrever gastronómico!... --- do jogo na que é agora a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e que surgiu na sequência da inauguração de mais casinos-hotéis, nomeadamente o Venetian, actualmente o maior casino do mundo, recorde que dificilmente será ultrapassado tal é a "monstruosidade" do mesmo: só quartos são 3000!

sexta-feira, 28 de março de 2008

Ainda que mal pergunte...

Dei, como é habitual, uma olhadela no blog TimorLorosaeNação e reparei nesta foto que não resisti a pedir "emprestadada" (sorry!...).


Olhando para a "criancinha (aussie) imberbe e loura" dei comigo a pensar de mim para myself:

"Mas será que estes tipos, com esta carinha de 'putos' imberbes e loiros, estão mesmo dispostos a arriscar o 'coiro' [desculpem...] para fazerem alguma coisa por Timor e pelos timorenses? Com as namoradas, a cerveja e o churrasco à espera deles lá no 'down under' alguma vez eles vão arriscar o pêlo para ajudar a pôr ordem num país em que há uma data de malucos à solta?!..."
Duvido... E o resultado está à vista!

PS - Por acaso até me parece que ele não é "aussie" mas sim "kiwi". É "igual ao litro..."

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Citamos declarações de Ramos Horta à LUSA datadas de ontem, 27 de Março:

"Ramos-Horta disse não estar arrependido de ter revogado o mandado de captura contra o major Alfredo Reinado porque acreditava e acredita que a situação poderia ser resolvida pacificamente."

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PS - Um Presidente da República manda revogar um mandato de um tribunal?
Ai estas idiossincrasias timorenses... E depois queixam-se...

quinta-feira, 27 de março de 2008

Abaixo o "abaixamento" do IVA, já!...

O que um homem faz quando está acossado!... Fizeste asneira (e da grossa!) Sousa!...
Agora que as coisas, graças às notícias sobre a moçoila do Porto e à morte da miúda de Huelva, até estavam a começar a acalmar depois de uns meses "horribilis" ?!... Para que serve um "abaixamento" do IVA em 1 ponto percentual? Para nadica de nada, homem!...
Na análise da tua "borrada" estou inteiramente de acordo com o Camilo Lourenço que ontem "ou-vi" comentar o facto no noticiário das 10 da noite na RTP-N. Parabéns! Como a cerveja do outro: "Perfeito!..."
Trata-se, de facto, de uma medida política para tentar inverter a onda de coisas negativas que têm acontecido ao governo nos últimos meses --- e simultaneamente o tiro de partida para a campanha eleitoral para o próximo ano.
E não havia "nexexidade"! O que me adianta a mim ficar com mais 50 euros ao fim de um ano? De nada! E muitos 50 euros davam jeito ao "Teixeira dos Cantos"... Cá por mim vou devolver os meus e daqui apelo a que todos façam o mesmo!... :-)
Assim como assim e como já estamos habituados era melhor levar o esforço de redução do défice um pouco mais longe --- sim, porque isso de ele ser agora 2,6% é ainda uma enormidade! Não sou partidário do "orçamento equilibrado" a todo o custo --- principalmente à custa da situação económica conjuntural --- mas há que fazer mais do lado da redução das despesas correntes e do aumento das de investimento.
Uma sugestão para estas? Gostava de ter cá na minha terra uma coisa do tipo Torre de Babel. Assim mais ou menos como esta aqui em baixo! "Ca ganda sainete"!... E como a minha terra fica não muito longe do novo aeroporto de Alcochete até poderia ser utilizada como torre de controlo para aproximação ao dito cujo e para assustar a passarada que quisesse passar por lá! Tchó, bicho!...
Vamos nessa?!...
E entretanto vão-se criando condições para, no próximo ano, baixar o IVA em 2 ou mesmo 3 pontos percentuais. Aí sim: já dá para ver minimamente o efeito. Mas às "mijinhas" (sorry!...)?!... Bahhhh!...

PS - se não puder ser uma torresinha como aquela pode ser como esta? Sff!... Qualquer delas é uma belezura, não é?!... Se não puder construi-la sózinho peça ajuda ao "Tio" Belmiro! E diga-lhe que no rés-do-chão pode pôr um "Continente" e nos primeiro e segundo andar um Casino! Uma fábrica de aglomerados de madeira? Não, isso não!

quarta-feira, 26 de março de 2008

Pois é: ainda não "engrandei" o suficiente! Que pena!...

A propósito da notícia da próxima venda da Jaguar à Tata, o maior fabricante indiano de automóveis e que lançou recentemente o automóvel mais barato do mundo --- ponham barato nisso!... ---, lembrei-me que quando era menino e moço, antes de me levarem de casa de meus pais, dizia para mim mesmo, ao cobiçar o de um amigo meu cujo pai era juiz, que quando fosse grande também eu queria ter um Jaguar.
Passados 50 anos chego à triste conclusão de que ainda não "engrandei" o suficiente. Que pena!... Eu queria tanto!...

Cooperação portuguesa com Timor Leste

Num comunicado de hoje da Embaixada de Portugal em Timor Leste pode ler-se o seguinte a propósito da reunião de doadores deste país a decorrer entre 27 (amanhã) e 29 deste mês:

"Entre 1999 e 2007, Portugal contribuiu com 470 milhões de dólares para Timor-Leste sendo um dos principais parceiros de desenvolvimento."

À taxa de câmbio actual isto equivale a cerca de 315 milhões de euros (mais ou menos 63 milhões de 'contos' antigos; uma média de 8 milhões de 'contos' = 40 milhões de euros por ano).

Veja aqui uma avaliação da cooperação portuguesa (em geral e não apenas com Timor Leste) feita pelo CAD-Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da OCDE em 2006. Veja nas páginas 63 a 70 uma análise específica da cooperação com Timor Leste.

Que avaliação nós fazemos? Avaliar a cooperação não é coisa fácil e não temos meios para a fazer mas "à vista desarmada" parece-nos que, como seria de esperar e como acontece com tantas outras cooperações internacionais, há casos de maior sucesso e outros de menor sucesso, senão mesmo de rotundo falhanço. Não cremos, sinceramente, que haja muitos exemplos destes últimos --- o que já não é mau...
Por outro lado, há que ter em consideração dois aspectos: o primeiro é o de que a cooperação, principalmente quando é bilateral, tem de ser vista como uma relação "bi-unívoca" que é: o seu maior ou menor sucesso depende do doador mas também depende, e muito, do beneficiário, o qual tende, muitas vezes, a aceitar tudo o que lhe dão só porque "não se paga!... Não se paga!...", esquecendo-se que ele deve ter uma palavra mais activa a dizer e a sugerir formas alternativas de utilização dos recursos (sempre escassos face à 'montanha' de coisas que há para fazer). E talvez também porque "não se paga, não se paga" tende a não tirar todo o proveito que poderia tirar do que lhe dão... Falta de capacidade para o fazer? Displicência? Talvez de tudo um pouco.
O segundo aspecto é o de que muitas das acções de cooperação de hoje só vêm os seus verdadeiros frutos amanhã (i.e, daqui a anos e anos...). É o caso de duas áreas em que Portugal tem estado mais envolvido: a educação e a justiça -- e, genericamente, o aumento da utilização da língua portuguesa. Por isso uma verdadeira avaliação deste tipo de cooperação só pode ser feita a MUITO longo prazo. As indicações do médio prazo são, no entanto, muito positivas quanto ao resultado dessa cooperação.
Sugestões de novas áreas em que apostar decididamente no futuro, mais do que foi feito no passado (desde que as autoridades timorenses tenham capacidade de resposta --- do que, por vezes, duvidamos...) ?
Uma parece fundamental: a do desenvolvimento rural, nomeadamente a reflorestação do país e a renovação, "urgentissíssima", dos cafezais de Timor Leste. O Brasil pode ajudar mas outros, da região, também poderão dar uma mãozinha (ou esqueceram-se que o Vietname é hoje o segundo maior exportador mundial de café?).
Outra área? A do planeamento urbano de cidades como Dili e Baucau. Há trabalho feito nesta área pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e que "ficou na gaveta" por causa da crise política iniciada no princípio de 2006. Aparentemente só faltava a assinatura do "baleado"... "Desgavetem-no"!...
Lembramos que projectos deste tipo têm uma vantagem muito grande: vão directamente ao encontro das necessidades das pessoas e permitem beneficiar os seus níveis e qualidade de vida. Há coisa melhor que isto como objectivo da cooperação?!...

Mas não tenhamos dúvidas: tem havido também muito desperdício que poderia ter sido evitado. Mas não é hora de lembrar as coisas más... "Pero que las hay, las hay", como as bruxas espanholas...

terça-feira, 25 de março de 2008

1968 --- quem se lembra do que se passou no ano que mudou o mundo?

Foi há 40 anos! Já esqueceu? Nunca soube? Não quer saber? Olhe que vale a pena recordar! Adpatado de http://pt.wikipedia.org/wiki/1968

1968

Janeiro

  • 5 de Janeiro - Início da Primavera de Praga, marcada pela vitória nas eleições do ministro Alexander Dubček, que questiona a Cortina de Ferro.
  • 30 de Janeiro – começa a chamada “Ofensiva do Tet”, uma das mais marcantes de história da Guerra do Vietname
  • 31 de Janeiro – Os Vietcongs atacam a embaixada americana em Saigão, nome da capital do antigo Vietname do Sul.

Março

  • 16 de Março - Guerra do Vietname: Tropas americanas matam vários civis (Matança de My Lai).

Abril

  • 4 de Abril - Martin Luther King é assassinado em Memphis, Tennessee.
  • 6 de abril - Lançamento do filme 2001, Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick.
  • 11 de Abril - O presidente americano, Lyndon Johnson, assina a lei sobre os direitos civis.
  • 23 a 30 de Abril - Guerra do Vietname: Estudantes americanos fazem protestos contra a guerra na Universidade de Columbia, em Nova York.

Maio

  • 2 de Maio - Inicio do "Maio de 1968". Estudantes franceses manifestam-se contra o "status quo". São levantadas barricadas nas ruas de Paris e ocorrem confrontos com a polícia.
  • 10 de Maio A "noite das barricadas". Os estudantes ganham as simpatias de bancários, comerciantes, funcionários públicos, jornalistas, professores e sindicalistas, que aderem à causa estudantil. O protesto estudantil transforma-se numa contestação política ao regime de Charles de Gaulle, então presidente francês.

Junho

  • 5 de Junho - Robert Kennedy é atingido por tiros no Hotel Ambassador em Los Angeles, na Califórnia. Kennedy morre.

Agosto

  • 20 e 21 de Agosto - Fim da Primavera de Praga: Tropas soviéticas e outros países do Pacto de Varsóvia invadem a cidade de Praga reprimindo a população local que apoiava as reformas levadas a cabo pelo governo local.

Setembro

  • 3 de Setembro - O jornalista e deputado federal Márcio Moreira Alves, do MDB carioca, faz discurso no congresso criticando a ditadura militar. O discurso irrita os generais e Márcio é processado. MMA refugiou-se em Portugal, tendo sido docente do ISEG/UTL.
  • 27 de Setembro - Marcello Caetano torna-se primeiro ministro de Portugal.

Outubro

  • 11 de Outubro - Lançada a Apollo 7, cuja missão foi a primeira televisionada.

Dezembro

  • 13 de Dezembro - O Presidente Costa e Silva decreta o AI-5 - Acto Institucional número 5, dando início ao período mais fechado e violento da ditadura militar no Brasil iniciada em 31 de Março de 1964.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Desemprego em Timor Leste

Segundo o Timor Leste Survey of Living Standards 2007 publicado em Setembro passado (versão preliminar), os dados sobre a taxa de desemprego que se verifica a nível nacional e em vários agrupamentos de distritos (só as suas zonas urbanas) é como segue no quadro abaixo (devido à sua importância limitamo-nos a representar as duas classes de idade mais baixas):

O referido estudo foi organizado pelo Banco Mundial e pela Direcção Nacional de Estatística.
Notem-se os elevadíssimos valores para a as taxas de desemprego da classe etária dos 15-24 anos nos agrupamentos de distritos que incluem Baucau e Dili, com a taxa do primeiro ultrapassando largamente a do segundo.
De notar que os valores se referem à "taxa de desemprego nos últimos 7 dias por género e idade, para as áreas rural e urbana" do todo nacional e dos vários agrupamentos de distritos.
Esta não é a definição usualmente aceite para desemprego e, por isso, da respectiva taxa. Por isso os valores do quadro abaixo não são comparáveis com estes mas mesmo assim resolvemos colocá-los para haver uma forma de comparação (aproximada) da situação de Timor Leste com a de outros países.Por aqui se pode verificar que, apesar da situação especialmente grave nas zonas urbanas de Baucau e de Dili, a taxa de desemprego de Timor Leste, no seu conjunto, não é "assustadora" --- nomeadamente se comparada com a de outros países.
Há que estudar bem a situação, perceber como se chegou a ela --- e como se transformaram desempregados em "atiradores de pedras" e ateadores de fogo a casas... --- e procurar soluções.
Mas uma coisa é certa: como faz adivinhar a situação em muitos outros países em desenvolvimento, não será fácil arranjar emprego para tanta gente.
E se começassem por dizer isso mesmo à população?!...

Preso por ter cão, preso por não ter...

Segundo notícias recentes, parece que o exército timorense desistiu mesmo de apanhar o Salsinha "custe o que custar" de modo a fazer prevalecer a autoridade do Estado. Isto é: o homem disse que só se entregava directamente a Ramos Horta e parece que estão a fazer-lhe a vontade, como se uma pessoa nas circunstâncias em que ele está tivesse voz activa no assunto e capacidade para condicionar a acção do Estado de Direito.
É nítido, por outro lado, que se entendeu --- "cheira-me" a coisa sua, TMR... --- que o homem vale o que vale VIVO e vale zero morto. Exactamente o que se tinha dito aqui há algum tempo atrás, quando se chamou a atenção para a necessidade de não deixarem que algum "chico esperto", no meio da confusão, desse um tiro no homem --- sabe-se lá se encomendado ou não...
O Estado parece, pois, estar a ser mais uma vez desautorizado mas convenhamos que se for só mais esta vez até que vale a pena. Assim como assim de desautorizado não passa mesmo, né?!...
Preso por ter cão, preso por não ter...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Bom dia, Prima Vera!...

Hoje estás com uma lágrima ao canto do olho!... Vê se melhoras, sim?!... Um solzinho faz sempre bem à alma e com os dias maiores até sabe ainda melhor!... E diz rapidamente adeus ao Tio Inverno!...

quarta-feira, 19 de março de 2008

Mentirosos! Palhaços!...

Na noite em que se comemoram cinco anos sobre o início da guerra do Iraque só me apetece chamar nomes aos principais responsáveis! Mas poupo as suas mães...
Como é possível pessoas que (quase de certeza conscientemente) mentiram a todo o mundo serem líderes de países ou grupos de países --- União Europeia --- com tantas responsabilidades a nível mundial?!...

Se os tataraliões de dólares que foram gastos --- e vão continuar a ser... --- tivessem sido utilizados para financiar projectos de desenvolvimento nos países mais carenciados e em sistemas de segurança social e assistência de saúde para os mais carenciados dos países que participam na guerra teria sido muito melhor... Essa sim, teria sido a "mãe de todas as guerras"!... E, provavelmente, a última (pronto, tá bem! Não sejamos tão optimistas: seria a antepenúltima...)

Ó vã glória de mandar!...

PS - leia uma notícia do PÚBLICO sobre o custo da guerra Joseph Stigliz, prémio Nobel da economia, fala em cerca de 3 "triliões" de USD --- só para os Estados Unidos ---, o que equivale mais ou menos a TODA a produção da Alemanha durante um ano!
Leia também o último relatório da Comissão da ONU de fiscalização de armas do Iraque antes do início da guerra (em espanhol; há também versão em inglês)

terça-feira, 18 de março de 2008

Importa-se de repetir, sff? É que não entendi bem...

Diz o comunicado do Conselho de Ministros extraordinário de hoje do Governo de Timor Leste que:

"(...) a Declaração de Estado de Sítio, decretada em 11 de Fevereiro passado, na sequência dos atentados contra o Presidente da República e o Primeiro-Ministro, decorreu da necessidade de garantir a ordem constitucional e a segurança e paz pública postas em causa de forma violenta e preservar o Estado de Direito Democrático. O estado de excepção decretado e renovado sucessivamente tem logrado conter a gravidade das ameaças à estabilidade do país, assegurar a ordem pública, diminuir a sua força e confiná-las a áreas identificadas.

No entanto, ainda que diminuídas e localizadas, essas ameaças não se dissiparam ainda totalmente, continuando em fuga um grupo de homens fortemente armados com equipamento de guerra, aparentemente chefiados pelo ex porta-voz dos peticionários Gastão Salsinha, suspeito de participação nos atentados contra a segurança do Estado e dois dos titulares dos órgãos de soberania."


Mas então o referido grupo "aparentemente chefiado pelo (...) Salsinha" --- "aparentemente?!... --- não está cercado algures no distrito de Ermera? Então para quê prolongar por mais um mês e a todo o território nacional (incluindo o Jaco, claro!) este estado-que-agora-passa-a-ser-de-
-emergência-mas-que-na-prática-é-mais-do-mesmo?
Hum... Aqui há gato e a desculpa é um bocado "esfarrapada"...
A razão só pode ser outra, claro. Nomeadamente o receio de que voltem a Dili (e outras localidades?) os incidentes que se verificaram no passado não tão distante quanto isso.
Mas se é assim digam-no claramente e não andem com subtefúrgios...
Mas pode haver ainda outra razão: é o de que estão a gostar da não existência de contestação, nomeadamente nas ruas. E isso é que pode ser perigoso. É que os maus hábitos apanham-se depressa. Difícil será abdicar deles...

Não percebo porque não experimentam acabar com o estado de excepção agora. Não me parece haver verdadeiramente motivos para o prolongar. Mas se passados uns tempos se verificasse, pelo regresso dos incidentes, que tinha sido prematuro então voltariam a reintroduzi-lo. Porque têm medo de acabar com ele agora? Olhem os maus hábitos, olhem os maus hábitos!...

quinta-feira, 13 de março de 2008

Brincalhões!...

Com que então a brincar à "apanhada"?!... Brincalhões!... Marotos!...

quarta-feira, 12 de março de 2008

A importância das pequenas GRAAAANDES coisas

Acabei há pouco de ouvir o Presidente Ramos Horta fazer as suas primeiras declarações após o atentado de que foi vítima.
Compreendo, naturalmente, o facto de as ter feito em inglês --- estava a falar para uma estação australiana --- mas não achei bem que, dadas as circunstâncias, não tivesse falado, em primeiro lugar, para os próprios timorenses. E isso devia ser feito em tetum, não em inglês --- nem mesmo na outra língua oficial do país, o português.
Podia até ter, DEPOIS, feito uma declaração em inglês do tipo urbi et orbi mas é nestas pequenas GRAAAAANDES coisas que acho que a maioria dos timorenses --- começando pelo seu Presidente --- ainda não internalizou o orgulho de ser timorense e independente.
Neste caso Ramos Horta SÓ PODIA ter feito as suas primeiras declarações para o seu próprio povo e na língua mais falada no país.
É esta falta de um nacionalismo saudável que me espanta na maioria dos timorenses. Para quando a mudança de atitude? E se os "mais velhos" não dão o exemplo, quem há-de dar?
Com o devido respeito, por vezes dá-me a sensação que muitos "malais" são mais "nacionalistas timorenses" que muitos timorenses. Não pode ser!...

terça-feira, 11 de março de 2008

ÚLTIMA HORA!... Marcelo Caetano tentou matar Ramos Horta!... Ó qu'isto chegou!...

Segundo notícia da LUSA

"Entre os rebeldes que continuam foragidos na região de Ermera está o suspeito de ter atingido o presidente, de nome Marcelo Caetano".

Credo! Que susto! O Marcelo Caetano a atacar o RH? Quem diria!... Ai Maromak! Este mundo está mesmo virado do avesso!...

segunda-feira, 10 de março de 2008

Gostava de ser mosca...

... só para assistir ao ambiente em que decorreu o primeiro encontro entre RH e o senhor X!... Um mês depois dos acontecimentos de 11 de Fevereiro!...
E sem uma justificação pública para o facto!...
"Justificar?!... Eu tenho lá alguma coisa a justificar a alguém?!... Fui agora porque me apeteceu, ora essa!... Se me apetecesse nem tinha vindo!..."
Feitios...

sábado, 8 de março de 2008

Mãe, mulher, mulher timorense

Hoje é o Dia Internacional da Mulher e se a minha mãe fosse viva faria hoje anos! Sei que não foi por causa do seu aniversário que este dia foi escolhido para homenagear as mulheres... mas para mim é como se fosse. A cada um a sua mentirinha...
E ao lembrar-me da minha mãe ('tá quieta, lágrima!...) lembro-me também das mães de Timor e, em geral, das mulheres timorenses, essas grandes heroínas, a maior parte anónimas, da resistência e da luta pela independência ao sofrerem o que sofreram no corpo e na alma (porque não ficaste onde estavas, lágrima?!...) ao verem os seus filhos "triturados" pelo monstro da repressão indonésia.
Que todas as outras me perdoem --- principalmente as que sofreram na carne ainda mais que ela --- mas para mim há uma que será sempre a "mãe", a "mulher" timorense: aquela a quem eu costumo chamar "senhora professora", a Olandina Caeiro.
Ela recusa sempre o "epíteto" mas eu insisto: filho e neto de professores do ensino primário, habituei-me a ver nestes uma referência. E professor uma vez, professor se fica para toda a vida. Ser professor é uma função, não uma "mera" profissão. E a Olandina, agora com a sua ONG timorense, que outra coisa tem sido que professora toda a vida? Os livros é que são diferentes!
O meu primeiro encontro com ela marcou-me para sempre (lembras-te, António? Até lhe beijei as mãos!): a visão de uma mulher cheia de marcas de queimaduras de cigarros era coisa que até então me era completamente estranha e foi ao vê-la que passei a fazer dela a minha heroína "secreta"...
Em si, Olandina, no Dia da Mulher e no dos anos da minha mãe, presto a minha homenagem à Mulher Timorense! (bolas! Porque insistem em sair todas ao mesmo tempo?!... Não podiam ter ficado simplesmente a bailar onde estavam?!...)

sexta-feira, 7 de março de 2008

Ministra da Educação: 1 -- Professores: 50000

Confesso que, por não me interessar directamente, não tenho acompanhado muito de perto a questão da avaliação dos professores e, em geral, das relações "pior que estragadas" entre a Ministra da Educação e os professores (do ensino secundário).
Mas hoje ao almoço "caiu a ficha".
De facto, depois de não nos encontrarmos há alguns meses, almocei com uma prima minha que começou a carreira em 1971, i.e, há quase 37 anos mas que, devido à idade, terá que trabalhar mais cerca de 5 anos para ter direito à reforma por inteiro, sem penalizações.
Recordo que é uma daquelas professoras que adora o contacto com os alunos, é respeitadíssima por eles e que (esta é minha...) é das tais que se não tivesse que pagar as cenouras, os bróculos e os caracóis (ambos adoramos caracóis...) pagaria de bom grado para poder dar aulas. E boas aulas, ainda por cima!
Ora o que me chocou foi ouvi-la dizer que está seriamente a pensar em pedir a reforma antecipada porque desde que esta ministra entrou em funções se fartou do que considera ser tanto ataque aos docentes. Mais: sente que os alunos estão a perceber que se estão tornando nos "reis da cocada preta" e fazem cada vez menos esforços para manterem o que restava de algum respeito pela instituição "Escola".
E quando uma mulher nestas condições (refiro-me à minha prima e não à ministra) me diz que está disposta a abandonar a profissão que adora por já não ter ânimo para continuar mais cerca de cinco anos, então é porque alguma coisa vai mesmo mal... E, segundo parece, reacções como a da minha prima não são únicas. Será que um sistema que gra reacções destas é um bom sistema? Ou, pelo menos, um sistema que não precisa de ser repensado?
Eu acho que se a ministra soubesse do caso da minha prima decidia, na hora, parar para pensar duas vezes....

Mas há uma outra perspectiva: a do próprio governo. Será que a ministra pensa que está a render votos ao governo? Evidentemente que não é para isso que um ministro, principalmente da educação, deve estar no seu ministério mas acho que cada um deveria ter o bom senso de se questionar permanentemente se está a ser um "activo" ou um "passivo" para o Governo a que pertence.
Claro que a vocação de um Ministro da Educação é, em qualquer dos casos e se quiser deixar obra que se veja NO BOM SENTIDO, ser um "passivo" a curto prazo e um "activo" a (muito) longo prazo.
Será que ela se apercebe que está a deixar o governo (e seu chefe) mais dependente dela do que o contrário? E deverá ser assim? Não me parece.
Quer isto dizer que na véspera da "manif dos dr's" eu defendo a demissão da ministra para que ela não arraste para o fundo o governo? Não. Tal como achei que foi uma asneira a saída do Ministro da Saúde também acho uma asneira a saída desta. Mas é uma pena que não se consiga juntar facilmente na mesma pessoa o bom gosto e o bom senso...
Porque será que eu sou das poucas, pouquíssimas, rarississimas excepções? :-)

Ai! Ai!.. Não me façam rir mais!...

De notícia da LUSA: "Questionado sobre se Gastão Salsinha tenciona entregar-se quando se cumpre um mês do duplo ataque, Longuinhos Monteiro respondeu "talvez"."

'tão a ouvir?!...

(foto 'roubada' do blog Timor Lorosae Nação, a quem pedimos desculpa pelo 'furto' e isentamos da manipulação da fotografia)

terça-feira, 4 de março de 2008

Que salsada, Salsinha!...

Decide-te, homem! Não abuses da sorte ou, como dizia o outro, ainda arriscas a que te "suicidem"!...

Ainda que mal pergunte...

Porque, raios, Xanana Gusmão ainda não foi a Darwin? O Presidente interino foi (claro, né?!...), o chefe da oposição foi (também claríssimo) mas o Primeiro-Ministro... "moita, carrasco!...". E depois daquela história ainda mal explicada de, aparentemente, ele ter sabido do que se passou em casa do Ramos Horta pouco depois de este ter sido atingido (ou até antes) e (também aparentemente) não ter mexido um dedo, o mínimo que se esperava é que fosse, em pessoa, dar um abraço ao seu PR para que não ficassem dúvidas.
Esquisito, não é? Mas há gente assim: esquisita! Será que está como uma das tais dores de costas que o deixam "p da vida"? Porque será?

domingo, 2 de março de 2008

À consideração superior

Preocupado com o facto de estarem 600 homens concentrados num só local e sem nada para fazer e tendo sido alertado pelo PM para o facto de na próxima semana eles terem de começar a desenvolver algumas actividades, permito-me respeitosamente trazer à consideração superior algumas actividades a realizar. A lista inclui:

a) subir um pau ensebado:

(com 600 pessoas e 10 paus vão levar mais de um mês a fazerem esta tarefa com sucesso);

b) puxar a corda:
c) hula-up:
(sorry! Só consegui esta foto para ilustrar do que falo mas os arcos são, em si mesmo, unisexo e tenho a certeza que os jogadores ficarão satisfeitos de poderem usá-los e assim mexerem os quadris sem deixarem cair o arco no chão)

d) corrida de sacos


e) e, finalmente, o meu favorito mas do qual não posso apresentar imagem: o jogo do "lá vai alho!".
"Neste jogo defrontam-se duas equipas com o mesmo número de elementos que pode ser variável. Depois de sorteada, uma das equipas coloca um dos seus elementos [a "mãe"], [de costas contra uma parede], com as mãos apoiadas nesta, dispondo-se os restantes elementos da equipa em fila, curvados (ou amochados) e com as mãos apoiadas nas ancas do parceiro da frente.
Os elementos da equipa adversária saltam um de cada vez para as costas (cachalitas) dos que se encontram a amochar, devendo gritar enquanto saltam: "Lá vai aaaaaaaalho!...".
Quando todos estão colocados nas costas da equipa que está amochada terão que contar até dez em voz alta. Perde o jogo a equipa que não cumpra todas as regras ou quando a equipa de baixo [a que amocha] não consiga aguentar a equipa de cima." (Descrição retirada daqui).

Estão a ver o sucesso de tal jogo com apenas 2 equipas de 300 marmanjos cada uma? Nem daqui a dois anos eles vão conseguir que os primeiros 300 aguentem com os segundos sem cairem! E depois serão mais 2 anos para a desforra! Que maravilha!...

Toca a mexer!...

PS - cheguei a pensar incluir nestas singelas e despretensiosas sugestões o jogo da malha. Porém, porque se pode considerar que, tal como a poesia, a "malha" é uma arma optei por não a incluir e sugiro vivamente que não seja utilizada. E isto apesar do espectáculo de rara beleza que o seu lançamento pode proporcionar, como no caso ilustrado abaixo.

sábado, 1 de março de 2008

Agora é que a porca torce/vai torcer o rabo!...

Despacho da LUSA reza assim:

Acantonamento dos peticionários é "um meio-sucesso" - Xanana Gusmão
Díli, 01 Mar (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, classificou hoje um "meio-sucesso" o acantonamento de peticionários, antigos elementos das Forças Armadas que desertaram por se considerarem discriminados, que registou até hoje 581 entradas.
O acantonamento "é um meio-sucesso na medida em que ainda vamos ver como resolvemos os problemas dos peticionários", afirmou o primeiro-ministro no final de uma visita ao campo de Aitarak Laran, em Díli.


Pois é. Agora é que vão ser elas. Mas estranho que XG diga que "ainda vamos ver como resolvemos os problemas dos peticionários". Então ainda não tem uma estratégia para abordar o problema? Pedem às pessoas para se concentrarem e não sabem exactamente o que têm para lhes dizer/"oferecer"? Será possível? Não acredito.

Mas vamos ver alguns "pinsamentos" --- não definitivos, claro --- que me assaltaram ao reflectir sobre assunto.

1) Primeiro "pinsamento": o problema é complicado e não adianta muito, neste momento, andar a procurar culpados do que aconteceu;

2) Segundo: qualquer solução que se venha a encontrar nunca, nunquinha mesmo, será a ideal, a óptima, e que qualquer que ela seja trará consigo benefícios (colectivos e individuais) e custos (idem); o que há que cuidar é que os primeiros sejam maximizados e os segundos reduzidos à sua expressão mais simples;

3) Terceiro "pinsamento": considerar os "peticionários" como "rebeldes" não ajuda em nada já que até parece que andaram todos de "canhota" na mão a lutar contra as instituições democraticamente estabelecidas. Isso é uma deficiente interpretação da realidade, creio eu;

4) Daqui decorre o quarto "pinsamento": o de que há que encarar a hipótese (para mim muito próxima da realidade --- mas posso estar enganado, claro) de a grande maioria dos "peticionários" o serem por terem sido arrastados para tal situação por pessoas que consideravam seus líderes (fossem eles o próprio XG, como acusou Reinado, ou "arraia miúda" como o "Petite Salse" ou outro). Para a maioria deles há, provavelmente, que nos perguntarmos se não terão tido influência na sua opção sentimentos como o de pertença a um grupo determinado, numa lógica de família alargada em que todos, sob sabe-se lá que pressões dos outros membros da "família"/grupo, se unem contra a (suposta ou real) ameaça exterior. Em certo sentido, quase poderemos perguntar-nos se a adesão à "petição" não manifesta, em si mesma, uma versão (evidentemente deturpada) do "espírito de corpo" tão cara a qualquer força militar;

5) quinto "pinsamento": se o que fica imediatamente acima "tem pés e cabeça", parece-me que as duas soluções extremas --- reincorporar todos e passar uma borracha sobre o assunto como se nada se tivesse passado e não reintegrar ninguém --- são de excluir;

6) sexto "pinsamento": a solução de reintegrar todos parece-me particularmente infeliz pois (i) dará aos que ficaram nas fileiras a ideia de que não serviu de nada obedecerem à cadeia de comando; (ii) esta, a partir do topo, ficaria desautorizada e, tanto ou mais grave do que isso (iii) ficaria sempre com a impressão de que num momento de necessidade nacional essa mesma cadeia de comando poderia não funcionar como deve por haver uns quantos "xicos" que se poderiam lembrar de "hoje não me apetece ir para a guerra porque está a chover" ou porque o "rancho" estava uma porcaria. Seria "matar" qualquer hipótese de reconstituição de uma força militar nacional credível (este aspecto é muito importante porque acredito que um dos objectivos desta confusão toda é chegar-se a esta conclusão e tentar acabar com as FDTL; não seria a primeira vez nem a última, acredito...);

7) sétimo "pinsamento": a solução do problema poderá ter de passar por uma "sandes mista" em que se combine (i) a passagem à reserva dos principais responsáveis do que aconteceu --- sorry! Não há como evitar isto! Que agricultor, mesmo de abóboras, aceita "ervas daninhas" no seu terreno?; (ii) a aceitação da recandidatura à fileiras daqueles que, após um processo de avaliação do seu papel na confusão que se gerou --- e creio que a maior parte teve o chamado "papel de embrulho" ---, sejam considerados aptos para o serviço; (iii) a concessão de apoios que permitam, aos que o desejarem, algum tipo de reinserção produtiva na sociedade --- que não pode, porém, ser do tipo "qual é o teu 'preço'? Toma lá 3 anos de 'pré' (mais os 2 atrasados) e vai à tua vida".

8) oitavo "pinsamento": como se disse no início, não há soluções milagrosas, sem custos para ninguém e, principalmente, sem custos para Timor Leste. Assim sendo, todos terão de fazer um esforço para "engolir o sapo" que lhe couber no processo... E isto é válido para a hierarquia militar, para os políticos e para os próprios "peticionários".

9) nono e último "pinsamento": àqueles que pensam que esta solução (ou outra, desde que seja uma verdadeira e definitiva solução) impõe custos elevados (até financeiros) à sociedade timorense recordo apenas que em todas as sociedades há "bens públicos" que, naturalmente, têm custos e que estes não podem deixar de ser suportados pelos seus beneficiários: toda a sociedade. E que bem público mais precioso existe que a PAZ (sã, e não podre...)?

Ai que saudades de ti, Gandhi!...

O que acho curioso em Timor Leste é que muita gente fala contra o estado de emergência e o recolher obrigatório --- e nomeadamente a sua extensão por um mês --- mas ninguém faz nadica de nada para o pôr em causa. Nomeadamente os partidos da actual oposição.
Ai se fosse com o Gandhi!... A estas horas já a FRETILIN tinha combinado uma patuscada dos seus deputados para as 21h59m no jardim à beira-mar em frente do Palácio do Governo. As mesas já lá estão e tudo...
Quem leva o tukir (mas tem de ser feito como mandam as regras: dentro de cana de bambu)? E os pastéis de bacalhau? Não se esqueçam dos pastéis de nata! E guardem um para ele... Deixem o vinho do Porto para mais tarde.