quarta-feira, 30 de abril de 2008

E a batata? Vão plantar batatas!...

Que nem de propósito: descobri hoje que a FAO, a organização das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura, decidiu, face ao aumento significativo do preço dos cereais no mercado internacional e à ameaça de fome que isso poderá provocar em vários países em desenvolvimento, designar o ano de 2008 como o Ano Internacional da Batata e fomentar o seu cultivo e consumo (veja aqui um texto publicado no Público sobre o assunto).

Para além das suas características alimentares há uma justificação importante para esta ênfase no tubérculo que faz a felicidade de muita gente (os "tugas" são os 10º consumidores per capita...): a de que se trata de um bem alimentar largamente difundido no mundo, pouco exigente quanto às condições para o seu cultivo e, principalmente, muito pouco transaccionado internacionalmente. Isto significa que o seu preço não está sujeito às oscilações que costumam acompanhar os preços dos bens objecto de comércio internacional. O que para os tempos que vão correndo é uma vantagem muito importante.

Vão plantar batatas!...

Arroz, milho e política alimentar em Timor Leste

Ângela Carrascalão no seu blog "Timor" no Público referiu-se ontem ao problema da dieta alimentar de Timor Leste, mais concretamente à divulgação, pela mão dos indonésios e suas políticas de distribuição de sacos do cereal e de prática de preços subsidiados, do uso do arroz na dieta alimentar dos timorenses em substituição do milho.
Hoje surgem notícias sobre medidas que o Governo estará a estudar para tentar fazer face à crise de abstecimento e de preços que já está instalada e que se prevê venha a agravar-se ainda mais no futuro.

A Indonésia, ao mesmo tempo que através de várias medidas acelerava o passo da urbanização de Timor, incentivou a alteração do tipo de alimentação: "milho", o cereal mais produzido e consumido nas montanhas do país era sinónimo de "rural", "atrasado", enquanto que "arroz" --- produzido em Timor ou importado de outras províncias da Indonésia, era sinónimo de "urbano", de "moderno". O resultado está à vista: hoje em dia nas montanhas continua a consumir-se milho --- mas o arroz está muito presente --- mas nas cidades quase só se consome arroz, nomeadamente importado (bem mais barato e fácil de comercializar que o arroz timorense).
A disponibilidade de recursos financeiros proporcionada pelo dinheiro do petróleo e uma mais que demonstrada apetência pelo uso (e abuso) de concessão de subsídios (afinal uma política económica que faz parte do imaginário de governantes e governados e herdada da Indonésia) pode levar o Governo a optar pela solução fácil de se substituir ao mercado comprando arroz no mercado internacional e vendê-lo no mercado a preço subsidiado. Pelo menos um saquito de 30 kgs por família/mês...
Mais difícil mas certamente mais indicado seria, como sugerido por Ângela Carrascalão na 'entrada' do seu blog , uma política de reintrodução do milho na alimentação das cidades. Tal qual ou sob várias formas derivadas, nomeadamente sob a forma de pão... De preferência com umas rodelinhas de chourição...
Até porque a anunciada política de incentivo à produção interna de arroz só resultará se for possível apostar em técnicas mais produtivas, nomeadamente através da utilização de fertilizantes. Ora é exactamente o encarecimento dos factores de produção (feritilzantes, energia) que está, em parte, a ser o responsável por uma certa insuficiência da oferta de arroz no mercado internacional que tem levado ao aumento do seu preço.
Além disso, com o preço do arroz nacional bem acima do do importado, quem lhe vai pegar?
O melhor mesmo é o pãozinho de milho com chourição... e outras "delikatessen" à base de milho.

Ó Ângela: porque não dá uma de Maria de Lourdes Modesto e vai à televisão fazer uns pratos à base de milho?!... Topa? :-)
E, já agora, não se fique por aí: alargue o âmbito do programa e ajude a, com recursos do país, melhorar a dieta alimentar dos seus patrícios. Eles precisam tanto... E têm tanta coisa boa que pode ser melhor aproveitada! Seria um dos melhores serviços públicos que poderia fazer. VEXA ou outrém, não sou esquisito...
Estou convencido que a Fundação Oriente dava uma ajuda... Nem que seja disponibilizando a cozinha do Hotel Timor. Mas não só. Porque não publicar uma rubrica de culinária nos jornais diários? Já me lambo...

terça-feira, 29 de abril de 2008

Passe a publicidade...

... aconselho vivamente que comprem o número de Maio da edição portuguesa da National Geographic pois vem acompanhada de um suplemento especial sobre "O estado do planeta".


Muito bom! Palmas! Clap, clap, clap!...

Uf! Até qu'enfim: ovos com salsichas!...

... e salsinha, muita salsinha!
Esperemos que seja desta que Timor começa a encontrar o seu rumo.
O pior é que cada vez mais estou como São Tomé...
De quaquer forma, "Força, Timor Leste!..." 'tamos torcendo!...

PS - alguém me pode explicar para que serviu aquela "cena" da recepção no Palácio do Governo com o Primeiro Ministro em exercício (o vice) e, depois, o PR? Desta vez quem levou o cházinho e as bolachinas? Foi por conta da casa? E foi para não estar presente nesta cena que Mr. X se "baldou" para a Indonésia? Talvez...

domingo, 27 de abril de 2008

A arte do Islão

Este é um post absolutamente 'desalinhado' com o que é habitual no Olhólafaek!... já que é apenas para fazer propaganda... Porque não quando a causa se justifica? Neste caso a propaganda é à exposição de arte do Islão que decorre no Museu Gulbenkian, ali para os lados da Praça de Espanha/Avª de Berna (em Lisboa, claro). O título, "A educação do príncipe", não será dos mais felizes na medida em que não deixa antever a verdadeira extensão e perfil da exposição que estará aberta até 6 de Julho.

Trata-se, na verdade, de uma parte da colecção do futuro Museu Aga Khan, em Toronto (Canadá) que cobre várias formas de arte "árabe", da Turquia ao Irão e à Índia dos Mogóis (não me enganei; é "mogóis" mesmo e não "mongóis").
Não deixem de, se possível, a visitar (preparem 4€ por pessoa... E aproveite o bilhete para ver o Museu Gulbenkian propriamente dito e que é muito bom).
Numa época em que o Islão é falado, no "mundo ocidental e cristão", por razões que não são necessariamente as melhores, é bom ver esta pedrada no charco na procura de um entendimento entre os povos pela via da sua arte e cultura. Eis o caminho...
Pela minha parte, fico sempre completamente "babado" ao ver as iluminuras dos livros produzidos pelos artistas árabes. Querem ver porquê? Então vejam e digam se tenho ou não razão?


sexta-feira, 25 de abril de 2008

Onde estava você no "25 de Abril"?

Cumprindo o serviço militar... No meu caso na "Gloriosa", a Marinha. "A Pátria honrai que a Pátria vos contempla". Mais concretamente no... Serviço de Informação Pública das Forças Armadas (SIPFA) do Estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA), na "Cova da Moura" (não! não é exactamente essa...!... é o palacete da Avª Infante Santo, em Lisboa...).
Como calculam, nos dias a seguir à Revolução dos Cravos (parabéns, menina! Obrigado Salgueiro Maia!) não tínhamos mãos a medir: haver um serviço que se chamava "de Informação Pública das Forças Armadas" parecia uma bênção para toda a gente que queria saber coisas... Como se nós soubessemos... :-)

Mas depois é que foram elas: as Forças Armadas passaram, de repente, a ser o "ai Jesus" de todo um povo e tinham que ter solução para tudo. Foram uns tempos "heróicos": coube-me pessoalmente de tudo um pouco. Fui conselheiro matrimonial, participei numa ou noutra reunião em empresas para tentar pôr água na fervura nas relações entre patrões e empregados, fui conselheiro de pessoas que queriam saber se as FA as deixavam ocupar casas, dei palpites em questões de acesso a águas em terreolas de Trás-os-Montes, dei entrevistas a jornais estrangeiros e, para fazer de uma história longa uma historieta curta, conversei com exilados políticos que eram refractários ao serviço militar ( "à guerra") sobre as perspectivas para o seu regresso a Portugal sem terem de ir parar com os costados à "tropa".
Recordo particularmente de um deles, exilado na Argélia. Mais ou menos em representação de outros que também lá estavam veio a Portugal logo no início de Maio de 74 para tentar "tirar nabos da púcara" quanto ao tratamento que as FA lhes reservavam se regressassem a Portugal para participar no esforço de reorganização do país.
AB (as iniciais do seu nome) esteve um bom bocado de tempo procurando descortinar resposta firme para uma coisa em que ninguém tinha ainda pensado, preocupados que estávamos (colectivamente) com outras coisas bem mais urgentes. Sem garantir nada, lá lhe fui dizendo que uma solução para o caso não seria tomada nos próximos meses, certamente, mas que toda a "lógica" do processo ia no sentido de os deixar regressar sem obrigar ninguém ao cumprimento do serviço militar --- ainda por cima no caso de gente, como era o caso dele, com mais de 35 anos e com formação académica superior. Desses tínhamos cá muitos...
Depois de uma cavaqueira de cerca de uma hora lá se convenceu que o melhor era "esperar para ver em que paravam as modas" e adiar uns meses o regresso.

Depois disto, qual não foi o meu espanto quando, em Outubro seguinte, numa reunião de trabalho dei de caras com ele. Fiquei eu tão espantado quanto ele e passados os primeiros momentos perguntei-lhe se tinha regressado definitivamente --- pergunta tonta no contexto em que foi feita: o de uma reunião de trabalho. Respondeu-me que sim e depois explicou-me que eu tinha desempenhado um papel fundamental na sua decisão não tanto pela conversa que tinhamos tido mas por um outro facto de que nem me tinha apercebido.
É que na altura e por necessidades profissionais eu andava a ler "O Capital" --- sim, esse, o do Carlinhos Marx...
Ora, depois da conversa com ele eu tinha ido ao meu gabinete buscar o livro para me ir embora e desci no elevador com o dito exilado e o livro na mão. Foi aí, disse-me ele, que decidiu regressar pois pensou para os seus botões: "O que é isto?!... Um oficial da Armada a ler "O Capital" ?!... Este país mudou mesmo e esta gente não tem nada a ver com os 'tropas' de antigamente. Vou mas é à Argélia buscar a trouxa e regresso a Portugal". E assim fez...

E esta, hem?!...

Presa por ter cão, presa por não ter...

'tadinha da Timor Telecom!... Está outra vez em bolandas por causa das gravações (melhor: das não-gravações) das chamadas telefónicas.
Se bem me lembro, há alguns meses atrás atiraram-se a ela como gato a bofe acusando-a de fazer escutas telefónicas, ao que ela retorquiu que não as faz porque nem tem aparelhagem para isso. Bendita falta de equipamento, que a salvou de uma enrascada...
Agora, pelo contrário, o Procurador Geral da República vem-se queixar de que a TT "dificultou" a investigação sobre os atentados (ou um atentado e um inventado? A ver vamos) de 11 de Fevereiro:

«A companhia Timor Telecom não tem um sistema favorável e assim o PGR não consegue detectar os contactos telefónicos dos criminosos. Portanto a Timor Telecom dificultou os serviços do PGR» [ênfase nossa]

Se a lógica fosse uma batata diria que estamos perante um PGR filósofo que gosta de silogismos e de sofismas... E/ou que ele não sabe o significado das palavras (o que é mais certo). Quando diz que a TT "dificultou" está a pressupor/afirmar que houve uma acção deliberada, intencional, da empresa para, tendo as gravações, ter boicotado as investigações em nome de um qualquer argumento; por exemplo o do supremo valor da confidencialidade das conversas dos seus clientes.
Afinal o que se passou/passa é que a TT não ajuda(-ou) porque não tem os meios técnicos para ajudar, como o próprio reconhece. Por isso o uso da palavra "dificultou" é absolutamente enganadora e abusiva. Ai a especial apetência de muitos timorenses para serem "confusionistas"... em vez de confucionistas!...

Poder-se-á dizer que deveria ter aqueles equipamentos mas aí entramos num campo armadilhado porque se os tivesse perguntariam logo para que os queriam senão para espiolhar a vida das pessoas...
Afinal tudo isto não passa de mais uma manifestação de algum "ódio" (é uma palavra forte, não é? Mas em vários casos não anda muito longe da verdade) de algumas pessoas à TT e, genericamente, aos investimentos portugueses em Timor --- senão mesmo a tudo o que "cheira" a Portugal.
Este ambiente não é o mais propício num país que nos próximos anos (e per omnia secula seculorum...) vai depender significativamente do investimento estrangeiro.
Enfim, "presa por ter cão, presa por não ter"...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

"Governo mainato" (?)

No seu discurso recente no Parlamento Nacional o Presidente da República de Timor Leste fez algumas propostas, nomeadamente para resolução do problema dos peticionários.
Uma ou duas observações sobre o assunto:
1) pelo menos quanto a isto, a proposta não é novidade; já estamos carecas de a conhecer. Então para quê voltar ao mesmo assunto e proposta sem acrescentar nada de verdadeiramente novo?
2) mais e, quanto a mim, mais grave: RH retoma o (mau) hábito de fazer publicamente propostas para a resolução de problemas que não são da sua esfera de competência. E se o Governo e as Forças Armadas, os verdadeiros responsáveis pelo assunto, discordarem da solução ou, por qualquer razão, não tiverem condições para as implementarem? Neste comportamento parece haver da parte do Presidente uma interpretação das suas funções e das dos outros órgãos de soberania que fazem do Governo um simples "governo-mainato", que está ali para fazer o que ele diz que deve ser feito.
Isto vem na mesma linha da famosa carta/salvo-conduto que emitiu a favor de Alfredo Reinado e que já foi aqui reproduzida, até recentemente.
Trata-se de uma interpretação completamente errada do que são os poderes do PR na RDTL e que só podem resultar da combinação de dois factores: o entendimento de que o país é um suco e ele o liurai e o de nunca ter lido a Constituição que jurou cumprir e defender. Está mal!...
E sabe porque é que isso é da responsabilidade do Governo e não sua? Porque é ao Governo apresentar propostas que serão submetidas a apreciação do Parlamento já que é o Governo e não VEXA que é responsável perante o Parlamento. No fundo, quando está a fazer propostas --- que não são simples propostas como outras quaisquer... --- em áreas da competência do Governo e do Parlamento VEXA está não só a dar ordens ao Governo mas também ao Parlamento. Novamente: está mal!...

É curioso verificar que quanto à forma de desempenhar as funções de Presidente, Xanana, mesmo engolindo em seco ou actuando por portas-travessas, esteve sempre muito mais perto (muuuuiiiitoooo a contragosto...) do que é o papel constitucional do PR em Timor Leste.
Não há aí alguém que explique ao actual PR que Governo não é mainato? E o Parlamento também não.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Então, Salsicha?!...

Perdão! Enganei-me no nome: "Então, Salsinha?!..." (assim é que é...) Entregas-te ou não te "entregas-te"? Olha que o PR já chegou há quase uma semana...
'Tá lá?!... 'tás a ouvir? Não me digas que deixaste o tal bilhetinho e foste mesmo embora. Bali? Jakarta? Escafedeste-te? Cu-cu! Aparece!...

domingo, 20 de abril de 2008

"Citando o mestre Silva"...

1ª lição de "Boas maneiras de um Presidente":

Trabalho preparatório a realizar antes da primeira aula: abjurar e rasgar aquele livre-transito passado ao defunto dizendo:

Lembra? Já está? O que lhe fez? Rasgou-a? Ou amarrotou e deitou para o lixo? Isso não chega! Alguém a pode ir buscar e usá-la contra si. O melhor mesmo é engoli-la! A mãe-natureza saberá o que lhe fazer...

Feito esse trabalho de casa preliminar, vamos à lição propriamente dita.
Se perguntado sobre coisas que são da esfera de competência de outros órgãos de soberania, nomeadamente o Governo e os Tribunais, um Presidente deve responder qualquer coisa to tipo:

"O que sei é que --- e aqui cito o mestre Silva --- o tempo na Madeira está PERFEITO! P-E-R-F-E-I-T-O! E espero que no Jaco também. E Ataúro, como de costume, tem aquela nuvenzinha em cima. Tão giro! Faz lembrar um acento circunflexo, não faz? Sr. jornalista: olhe que aqui é com um "c" e não com dois "s"! O dos dois "s" é abaixo do sítio onde eu levei os dois tiros! Um por cada "s". Não esqueça! Olha se a palavra tivesse três "s"!... Bolas!...".

TPC: escrever "o tempo na Madeira está perfeito. P-E-R-F-E-I-T-O" 50 vezes! À mão!... Nada de batota com o "copy&paste" do computador!

Fim da primeira lição.

sábado, 19 de abril de 2008

Mais um caso de incontinência de R.Horta!

Verbal, mas incontinência...E que confirma o que dissemos no 'post' anterior: não aprendeu nada!...

Senão vejamos o que dizem as agências noticiosas que ele terá dito:

"Ramos-Horta entende que uma solução seria aceitar a readmissão dos rebeldes expulsos há dois anos do Exército. (...) o novo chefe dos rebeldes passou a ser (...) Gastão Salsinha, que afirma que só se entregará a Ramos-Horta [mas] (...) condiciona ainda a sua rendição a integração dos seus homens no Exército sem serem processados.
O presidente afirma que o governo pode aceitar essas exigências, desde que os renegados se submetam ao processo formal de recrutamento."

"Porque no te calas, hombre?!...", como disse o Sr. Rei dos espanhóis, João Carlos. Será possível que em Darwin se esqueceram de o tratar da incontinência verbal? Porque acha que tem o direito de meter o nariz em tudo?!... É narigudo?!...
Se o Governo e as Forças Armadas já estão a tratar do assunto porque não fica caladinho, sentado a um canto, à espera do que acontece? E quando chegar o momento, se ele chegar, então diz de sua justiça, de preferência em privado ao Governo e às F-FDTL.
Não vê que assim só acrescenta "ruído de fundo" ao assunto?!... Não é da sua competência mandar recados ao governo através da imprensa!
Porque não tira umas fériazitas e pede ao Cavaco, ao Sampaio ou ao "Marocas" para lhe darem umas lições do tipo "boas maneiras de um Presidente em 10 lições"?
Caramba! Assim não há pachorra! Deixe de tratar o país como se fosse a sua horta, Horta!...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

"Prontes!..." Já percebi tudo! Não aprendeu nada!... Será possível?!...

Numa última entrevista dada em Darwin antes da partida RH, de cognome "O Gato" --- não! Não é por isso! É porque parece ter sete vidas como os ditos... ---, respondeu assim quando perguntado se irá chamar o GS'inhapara que ele se entregue:

"Se ele não tiver sido apanhado, entretanto, ou não se tiver entregado, direi em que condições ele se deve entregar e quando. Darei um prazo para que ele o faça. Não tem que o fazer directamente a mim; pode entregar-se a um padre, aos bispos. Será transportado depois para a Presidência e dali o Procurador-geral da República, o tribunal toma conta do resto."

Ó homem!... Então você faz-me uma coisa destas?!... Não aprendeu nada?!... Então você não recebe no meio das Cinzas o desgraçado do Antonino de Jesus, camponês anónimo de Vatuvou que consegue o verdadeiro milagre de sobreviver (ele mais a sua Eufrázia e um rancho de oito filhos) com menos de 1 USD/dia, e vai receber um tipo que andou aos tiros com um primeiro-ministro do seu país e que era tu-cá-tu-lá com o tipo que fez com que você levasse dois tiros que o puseram mais lá do que cá e que o iam fazendo ver o mundo de cima sem precisar do Google Earth?!... Não me diga que também lhe vai dar cházinho e porradas (desculpe! Enganei-me! Queria dizer "torradas"! Sorry!)?!...
Tá mal!... Não aprendeu a lição, foi? Ficou-se pela página 2, deixou-se dormir e não acabou de ler a lição toda, foi?!... Vai voltar tudo à mesma, é?!...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Salsiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinhaaaaaa!....

Onde te meteste?!... Já estás a caminho de Dili? Olha que ele chega amanhã!...

Evolução dos preços do arroz e da gasolina em Timor vs preços internacionais

Os gráficos abaixo retratam a evolução, em 2007, dos preços do arroz e da gasolina, dois dos principais determinantes da inflação em Timor Leste.
De notar que o preço do arroz produzido em Timor é quase 50% mais caro que o importado, o que não facilita o seu escoamento e denota alguma rigidez do comportamento dos agricultores face à evolução dos preços.


PS - já depois de escrita esta 'entrada' vi o gráfico abaixo publicado há poucos dias pela FAO, a organização do sistema das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura. Note-se o crescimento muito rápido do preço do arroz (e do trigo!) nos mercados internacionais desde meados do ano passado e particularmente desde o início deste ano (aumentou quase 50% no primeiro trimestre de 2008). Não admira, pois, que a saca de arroz (30kg) já esteja, em Timor e neste momento, nos cerca de 18 USD (0,6 USD/kg; compare-se com os 0,43 de Dez/07).

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Ooops!... esqueci-me do 6º cenário!...

Mão amiga fez-me chegar esta fotocópia de um aviso encontrado pendurado num pé de café algures para os lados de Letefoho e que ilustra o 6º cenário:

domingo, 13 de abril de 2008

Vamos brincar aos cenários?!...

1º cenário: tomada a decisão de fazer tudo para que Salsinha chegue vivo à barra do tribunal, apesar de se dizer que se está agora numa fase mais musculada da operação para o prender, parece (e se não é parece muuuuuiiiito!...) que todos aceitaram que a brincadeira do gato e do rato se prolongue até ao dia da chegada de Ramos Horta a Dili e então o gato deixa o rato escapulir-se por entre as pernas de modo a que ele se apresente, sem corda ao pescoço como fez o outro, perante o PR. Pelo menos vai tentar, né?!... E toda agente fica satisfeita por o homem ficar vivinho da silva para contar como é para se saber como foi!...

2º cenário: RH, em entrevista a um jornal australiano, deixou "fugir a boca para a verdade" dizendo que, jururu como estava, a sua vontade era de chegar a Dili, falar com os bispos, o "povo" (quem é ele?) e o Parlamento e dizer "bye, bye que eu perdi a pachorra para aturar malucos". Logo de seguida veio "corrigir o tiro" e dizer que não era sua intenção demitir-se que tinha havido uma como que "misinterpretation" do que tinha dito ao jornal.
Admito que houve mas creio que ele se atraiçoou a si mesmo e deixou que a boca lhe fugisse para a verdade... A questão, para mim, não é se ele vai ou não cumprir todo o mandato. "Cheira-me" a que não está para isso mas precisa de definir muito bem o timing de o fazer para não ser responsabilizado pela eventual instabilidade que a sua decisão provoque.
Recordo que ele chamou a atenção para o facto de o seu sucessor interino se estar a sair muito bem e por isso ele até acha que pode ir gozar a vida suplementar que o bom do Maromak resolveu dar-lhe no dia 11 de Fevereiro e que não é para desperdiçar a aturar aquela malta toda que não se entende...

3º cenário: decido que estará (?) a deixar o cargo e, muito importante, dar o exemplo de começar a transferência do facho para a geração seguinte e de que Lasama é um dos melhores exemplos (quem sabe se não haverá outro(s) que lhe siga o exemplo?!... Topam?!...), há que decidir o momento de o fazer e o que fazer até lá.
Uma hipótese é retomar a meada no ponto em que a deixou e encaminhar o país para eleições legislativas antecipadas (em 2009). Repare-se que isso permitiria, se a AMP se apresentasse como aliança PRÉ-eleitoral (e não PÓS-eleitoral como no ano passado) e se ela ganhasse as eleições, corrigir a embrulhada constitucional em que se meteu e meteu a própria AMP, reduzindo-lhe, quer queiram quer não, a legitimidade e a força. A ser assim, ninguém tinha que reclamar.
E se a FRETILIN ganhar, idem idem, aspas aspas... Eram só ganhos... desde que o PM não se lembre de dificultar as coisas --- o que não está fora de cogitação.
Neste cenário as eleições seriam em 2009 e em 2010, depois de arrumada a casa (e ainda 2 anos antes do fim do mandato) ele poderia ir, finalmente, gozar a vida airada que o espera.

4º cenário: quase todo igual ao anterior mas com um factor que pode fazer alterar os prazos referidos: o resultado do inquérito ao que aconteceu, de facto, em 11 de Fevereiro passado. Neste caso e se o relatório não o satisfizer, ele pode tomar duas atitudes: ou bate com a porta com algum estrondo dizendo que para ele a brincadeira acabou ou espera que novo relatório tenha mais credibilidade que o inicial.

No fundo, no fundo, é tudo uma questão de tempo, de prazos. Tempo esse, aliás, que pode estar na base de um último (?) e 5º cenário: "tudo como dantes, quartel general em Abrantes"!...

Enfim, prognósticos só no fim do jogo...

Que nem de propósito...

Na nossa última 'postagem' (?) referimo-nos à Lei Fiscal em debate em Timor e ao facto de, tanto quanto se sabe, ela ter como pano de fundo a opção, não tão recente quanto isso (de facto vem do tempo de Ramos Horta primeiro ministro), de tentar incentivar o investimento (interno e externo) mediante uma baixa significativa da carga fiscal e das tarifas alfandegárias.
Que nem de propósito a OCDE publicou recentemente uma newsletter em que aborda o tema da influência dos impostos sobre o investimento directo estrangeiro (IDE; principalmente o efectuado pelas empresas multinacionais mas não só).
Aí se afirma a certa altura:

"Overall, investors look for countries offering a coherent policy framework. FDI deci-sions also depend on market access, a predictable and non-discriminatory legal and regulatory framework, macroeconomic stability, skilled and responsive labour mar-kets and well-developed infrastructure. When these conditions are weak, lowering business taxes cannot be expected to im-prove and may indeed weaken the invest-ment climate."

Isto, traduzido por miúdos, dá qualquer coisa como:

"Em geral, os investidores procuram países que ofereçam um quadro geral de políticas coerente. As decisões de IDE também dependem do acesso ao mercado, de um quadro legal e regulamentar predizível e não discriminatório, estabilidade macroeconómica, trabalhadores com qualificações e resonsáveis e infraestuturas bem desenvolvidas. Quando estas condições são fracas não se pode esperar que baixar os impostos sobre as empresas melhore o ambiente para o investimento, podendo mesmo enfraquece-lo."

E aí se diz também: "Uma carga fiscal baixa não compensa a existência de um ambiente fraco para o investimento".

No comments!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Que título preferem para a notícia? "Mentirinha piedosa" ou...

... "engana-me que eu gosto!..." ?

Referimo-nos às recentes declarações do Embaixador americano em Dili que disse

"(...) nada saber sobre o que se passou a 11 de Fevereiro, nem sequer o resultado da investigação conduzida em Díli por agentes do FBI, a polícia federal norte-americana".

O que vale é que mais adiante e sobre um assunto completamente diferente acrescentou algo que merece a atenção "de quem de direito" (ouviram?!...):

"[Estas crises] "têm consequências muito sérias" (...) [com] um grande prejuízo para o país".
Hans Klemm deu o exemplo de uma intervenção da Millennium Challenge Corporation (MCC) em Timor-Leste. "Trata-se de um dos grandes fornecedores de assistência económica ao desenvolvimento. Os responsáveis da MCC interrogam-se agora sobre a estabilidade geral do país e a capacidade do governo garantir o cumprimento dos critérios exigidos em termos de desempenho político aos países onde a MCC trabalha", explicou.
Para lá de "ajustes operacionais" de vária ordem, disse o diplomata norte-americano, "o que é realmente grave é que um estrangeiro que pretenda fazer negócios em Timor-Leste pensará duas vezes" [ou então é louco, como dizia o antigo Ministro da Economia...].

Numa altura em que se discute a Lei Fiscal e em que esta parece ter como um dos grandes objectivos incentivar o investimento (nomeadamente estrangeiro) através de uma muito (demasiado?) significativa redução da carga fiscal média é bom que as autoridades timorenses tenham em boa conta estas palavras: mais importante para incentivar o investimento que um regime fiscal em que pagar impostos é uma excepção e não a regra é um ambiente político e social (e legal) em que os investidores acreditem.
Quantos anos vão ser necessários para os potenciais investidores recuperarem a confiança num país e em lideranças que o próprio Primeiro Ministro reconhece --- tarde e más horas... --- que "[andaram] um bocado a brincar"?!...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ando jururu...

Letra da música de Rita Lee com o título "Ando jururu":

E pensar que eu passei todo esse tempo
Investindo no meu know how
E pensar que eu quase me danei
Apostando no meu background
Ando jururu
I don't know what to do
Quero encontrar pelo caminho
Um cogumelo de zebu
E descansar os meus olhos no pasto,
Descarregar esse mundo das costas,
Eu só quero fazer parte do backing vocals
E cantar o tempo todo shoobedoodaudau

Fotografia ilustrativa de "andar jururu":

(o seu a seu dono: a foto foi "emprestadada" do blog TimorLorosaeNação)

terça-feira, 8 de abril de 2008

Evolução recente e futura do preço do petróleo: as causas

Com data de ontem, dia 7, o Samsung Economic Research Institute, da Coreia do Sul (um dos principais institutos de pesquisa económica do país), divulgou a sua publicação periódica Korea Economic Trends que, apesar do título, não se limita a divulgar informação económica sobre o país.

O principal artigo desta edição é um intitulado Causes of soaring commodity prices and prospects onde aborda as causas do crescimento dos preços das matérias primas e perspectivas para o futuro próximo.

Vejamos algumas das conclusões do autor do estudo (Lee Jee-Hoon).

Ilustrando o rápido aumento dos preços das commodities refere que o Índice Global de Preços destas publicado pelo FMI subiu a “astronomidade” de 51% entre Janeiro de 2007 e Fevereiro passado, o que colocou os preços muito acima (21%!) do que seriam se se tivesse mantido a tendência de longo prazo na evolução dos mesmos.

Responsáveis por esta subida são as evoluções dos preços do petróleo bruto e de outros produtos, como o trigo, o ferro e a soja, entre outros.

A subida verificada no preço do petróleo é, sem dúvida, a mais importante e a que mais influencia a evolução do referido índice. Entre Jan/07 e Fev/08 o petróleo (o WTI, West Texas Intermediate, que serve de referência para o cálculo do preço do petróleo de Timor Leste) aumentou 41 USD por barril.

Mas o mais relevante do estudo é que ele procura determinar a importância relativa de vários factores nesta subida chegando à conclusão que 40,3% dela se deve à presença de especuladores de bolsa no mercado do petróleo. Tal presença deve-se ao facto de se terem “refugiado” nos mercados das matérias primas e, em particular, no do petróleo muitos dos investidores financeiros que actuavam nas bolsas de valores (acções, títulos de tesouro, etc) e que, nomeadamente devido às dificuldades que os mercados financeiros atravessam e à queda significativa da taxa de juro nos Estados Unidos, decidiram procurar melhor rentabilidade para os seus investimentos apostando noutros mercados menos “usuais”.

A somar-se a esta influência da especulação --- os mais críticos perguntar-se-ão mesmo "mas que capitalismo é este que se baseia na especulação?!..." --- há ainda a do risco geoestratégico (quase 40%), incluindo-se nele toda a incerteza sobre a evolução futura da economia mundial resultante da situação no Médio Oriente (Iraque, Irão, Tuquia vs curdos), na Nigéria (movimentos de guerrilha que atacam a extracção de petróleo e seu encaminhamento para exportação) e na própria Venezuela de Chavez.

Dois outros factores que costumam ser referidos são a contínua depreciação do USD e, naturalmente, o desequilíbrio entre a oferta e a procura de petróleo. Note-se, porém que esta última será responsável apenas por cerca de 1,8% da subida do preço do petróleo desde o início de 2007 enquanto que a primeira causa (desvalorização do USD) “responde” por 4,5%.

Tendo como pano de fundo a evolução que se tem verificado no preço do petróleo bruto e as expectativas em relação à evolução futura dos vários factores determinantes da sua evolução o SERI espera que em 2006 se verifique, face a 2007, uma subida de 24% no conjunto do ano. Porém, no primeiro semestre espera-se que se verifique um preço médio ligeiramente superior ao do segundo à medida que, como se espera, forem “acalmando” as expectativas “irracionais” quanto à evolução da economia e dos mercados financeiros.

domingo, 6 de abril de 2008

"Desculpe o mau jeito da cozinha!..."

Once upon a time, estava eu almoçando no (defunto...) restaurante "Matchedje", em Maputo --- o então melhor restaurante da cidade ou não fosse o da FRELIMO e das Forças Armadas, com direito a chefe de mesa com libré e tudo ---, o cliente que estava sentado à minha frente pediu o "prato do dia", "carne à transmontana", assim uma espécie de feijoada com maningue carne e enchidos.
Quando o seu prato chegou ele olhou para a comida e viu que era um monte preto --- apesar de o feijão ser encarnado. Chamou o chefe de mesa e disse-lhe entre espantado e revoltado: "Mas... a comida está queimada!... Eu não vou comer isto!". Aí o chefe, entre encabulado e senhor da sua chefia, respondeu-lhe calmamente e com a firmeza de um encolher de ombros mais imaginado que real: "Pois está! Desculpe o mau jeito da cozinha e se quiser coma, se não quiser não coma!..."
Nunca mais me esqueci desta cena e já a contei vezes sem conta. Aquele "desculpe o mau jeito da cozinha" não me sai dos ouvidos. E aplica-se a tantas circunstâncias...

Vem isto a propósito de declarações recentes de Xanana Gusmão. De acordo com a imprensa (LUSA) terão sido mais ou menos assim:

“A liderança timorense, onde me incluo, não esteve à altura de resolver os problemas. (...) Andámos um bocado a brincar e a pensar que as coisas se resolvem amigavelmente”.

Só faltou acrescentar o acima citado "desculpe o mau jeito da cozinha"...
Isto é: andou meio-mundo a dizer isto mesmo durante tempos e tempos e só agora se apercebeu de que "andaram um bocado a brincar"? Não acha que levou demasiado tempo a perceber isso? E será que percebeu mesmo? Se percebeu para quê aquela cena do cházinho? Não acha que já tem demasiados cabelos brancos e demasiadas responsabilidades para "brincar" com coisas sérias? Então isso são coisas com que se "brinque"? E o que espera que os outros façam? Que desculpem o cozinheiro e o chefe de mesa e comam a comida queimada por "mau jeito da cozinha"? E quem estava na cozinha e deixou queimar tudo --- em sentido absoluto e não apenas figurado ---, quem?!...
O que vale é que eu não tenho de desculpar ou deixar de desculpar...
Quem tem de o fazer que se pronuncie na devida ocasião...
Ele há com cada um!... "Desculpe o mau jeito da cozinha!...". Só visto!...

sábado, 5 de abril de 2008

"Caso Esmeralda": a culpa é dos Tribunais, claro!...

De notícia a propósito da tentativa frustrada de "entrega" da criança ao pai biológico:

"Após um processo oficial de averiguação de paternidade, Baltazar Nunes perfilhou a filha quando ela tinha um ano e desde então tem tentado obter no tribunal a sua guarda. "

Este processo está mal desde o início e a principal culpa não é de nenhum dos mais directos intervenientes sendo certo, porém, que a única verdadeiramente prejudicada deste "romance" vai ser a criança.
Mas tudo é culpa do sistema judicial que não conseguiu ainda, em cinco anos, resolver algo que, dadas as circunstâncias, deveria ter sido resolvido em 5 dias ou, no máximo dos máximos, em 5 meses! No mínimo dos mínimos e se havia uma disputa de "paternidade afectiva", a criança deveria ter sido logo entregue ao pai biológico e depois os tribunais decidiriam o que fazer... Se tivesse sido assim alguém iria agora pedir que a filha fosse entregue ao sargento?!... O total falhanço do Estado e da justiça (escrevo com minúscula de propósito...) portugueses é que provocou o problema.
Toda (ou quase) a gente "atira pedras" ao pai biológico e loa o pai adoptivo mas... terão razão? Claro que compreendo o desejo deste último preservar a companhia da "filha" mas não tenhamos dúvidas de uma coisa: este processo só se arrastou tanto tempo porque ele se marimbou nos interesses da miúda e colocou os seus sentimentos acima dos dela --- e o sistema judicial permitiu que tal acontecesse!
Experimentem colocar-se na posição do pai biológico: passado algum tempo da criança ter nascido sabe e admite que é o pai e tenta, desde então , obter aguarda da filha. Nessa altura esta tinha apenas um ano e quaisquer "mossas" psicológicas que a alteração da sua situação pudessem causar seriam, creio, mínimas e facilmente ultrapassáveis.
É evidente que passados 5 anos a coisa é muito diferente e hoje, se a criança ficar com o pai biológico, vão ficar traumas, certamente. Mas o problema é que está tudo errado desde o início e a lei parece estar a proteger quem não devia...
De facto, é evidente que os "pais de afecto" obtiveram a guarda da criança de forma totalmente ilegal! "Torpedearam" a legislação sobre adopção e agora querem que os Tribunais façam com que "o crime compense" invocando os afectos entretanto criados pela criança. Isto é de uma desonestidade total!

O problema acaba por surgir só por causa da lentidão com que a justiça é feita em Portugal. Eu, se fosse ao pai biológico, punha o Estado português em tribunal por "danos morais" provocados! À criança, em primeiro lugar, mas também a todos os outros envolvidos. O azar da criança é que foi tratada como uma "coisa" que tanto faz que seja entregue num momento como 5 ou 7 anos depois ao seu legítimo "proprietário". Só que neste caso a "coisa" tem cabeça e coração...

Espero que, no mínimo, tudo isto sirva para alterar os procedimentos dos Tribunais em situações deste tipo, que envolvem pessoas. No mínimo a criança deveria ter sido IMEDIATAMENTE entregue ao progenitor em vez de deixarem a situação prolongar-se como se prolongou.
Se a indemnização a pedir ao Estado for de 200 milhões de euros ele percebe... Menos do que isso são "trocos"...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Pois é!... A vida não 'tá fácil não...

É notório que a inflação em Timor Leste, que tinha sido (taxas homólogas de Dezembro de cada ano) de 1,8% em 2004, 0,9% em 2005 e 7,3% em 2006, não tem dado descanso nos últimos tempos, particularmente durante todo o ano de 2007 e, mais em particular ainda, em Fevereiro/07 e nos meses que se seguiram à "crise do arroz" que então se viveu no país (nesse mês a taxa de inflação relativamente ao mesmo mês de 2006 foi... 17,9%).
Em Dezembro de 2007 a taxa (face a Dez/06) foi de 8,6%, mais 1,3 pontos percentuais que em 2006.

Isto é: parece que a taxa de subida dos preços não quer abrandar. Pior, o panorama em relação ao futuro a curto/médio prazo não parece ser o melhor.
Na verdade haverá (pelo menos) três factos que poderão contribuir para isso.
O primeiro é o de que o banco central, por não ter autonomia de política monetária devido ao facto de se utilizar o dólar americano como moeda nacional, pouco pode fazer para controlar as pressões inflacionistas que se sentem na economia.
O segundo é o de que a contínua desvalorização do USD tende a exercer alguma pressão para o encarecimento de (pelo menos parte) das importações --- e sabe-se que Timor importa que se farta...
O terceiro e último que queremos abordar aqui é que as perspectivas do mercado internacional de uma das principais importações do país e que entra com uma percentagem importante no cálculo do Índice de Preços no Consumidor --- referimo-nos ao arroz --- não são as melhores. A figura abaixo ilustra o rápido crescimento dos preços do arroz no mercado internacional.

A FAO, a organização do sistema das Nações Unidas para a alimentação e agricultura calcula que o preço médio do arroz em 2007 tenha subido cerca de 17%, com parte mais significativa da subida a ocorrer durante a segunda metade do ano.
Para 2008 as perspectivas não são muito melhores. De facto e segundo ela espera-se que nos próximos meses se verifiquem novas subidas dos preços porque os níveis de stocks mundiais são relativamente reduzidos e porque vários países exportadores, face à situação, estão a impor restrições às suas exportações do cereal, tudo exercendo pressões no sentido da alta do preço.
Ora os "cereais, raízes e seus produtos" --- em que a "parte de leão" é constituida por arroz --- têm um peso de 13,1% no índice de preços no consumidor em Timor Leste. A pressão para o aumento do preço do cereal vai, pois e quase inevitavelmente, repercutir-se na taxa global de inflação. As subidas de salários na função pública e (agora) o significativo aumento das "transferências" para determinados grupos da população vão, quase de certeza, "ajudar à festa".
A ver vamos onde vamos parar... Com o preço do petróleo a ajudar, não sei não... Vamos bater novo record? Eu se fosse a vocês ia pondo as barbas de molho...

He had a dream that day!...

Faz hoje 40 anos que assassinaram Martin Luther King. He had a dream (oiça aqui o seu mais famoso discurso).
O discurso termina assim:

"one day (...) in Alabama ["all over the world", corrijo eu...] little black boys and black girls will be able to join hands with little white boys and white girls like sisters and brothers. I have a dream today".

Um dia [em todo o mundo] rapazes e raparigas negras serão capazes de dar as suas mãos a rapazes e raparigas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Amen!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Cadê os direitos de autor, meu?!...

Quantas vezes já terá sido passado nas TVs nacionais o filme feito por um aluno da "Carolina Michaelis" sobre o incidente que se passou na sala de aula por causa do telemóvel da moçoila sua colega?
Já perdi a conta... As TVs foram um autêntico instrumento de lavagem ao cérebro de todos nós desde que o caso aconteceu e usaram aquele filme vezes sem conta. Uma vergonha! O comportamento da moça, o do "cineasta" e, não tenhamos medo de o afirmar, também o das televisões que usaram e abusaram do incidente como se não houvesse mais nada de relevante a ocorrer em Portugal naqueles dias.
A sede de "sangue" dos nossos jornalistas e, principalmente, dos directores dos noticiários das TVs é caso para uma análise psiquiátrica! Dr. Sampaio (não é esse! É o irmão!): vai uma ajuda na interpretação do comportamento desta gente?!... Temo que nem o Freud explique...
E o que acho curioso é que ninguém, que eu saiba, se tenha preocupado em pagar direitos de autor ao "cineasta"... O puto podia estar rico e assim o que ganhou foi apenas uma transferência de escola e, muito provavelmente, dois pares de chapadas do paizinho!
Uma desgraça nunca vem só: prejudicado e não pago!

terça-feira, 1 de abril de 2008

Desculpa, João, mas não é bem assim...

Notícia da LUSA transcrevendo [espero que fielmente] declarações de João Gomes Cravinho, o SENEC prtuguês, diz como segue:

"Díli, 01 Abr (Lusa) - Se a Língua Portuguesa "falhar" em Timor-Leste "será por falta de recursos e acontecerá o mesmo noutros países", afirmou hoje o titular da pasta da Cooperação à Agência Lusa.
"Temos um desafio pela frente, um desafio que tem que ser resolvido no próximo par de meses, que é encontrarmos os recursos necessários para estarmos à altura das nossas responsabilidades", declarou, em Díli, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação português.
João Gomes Cravinho afirmou que Portugal "tem que saber encontrar os meios" para apoiar o ensino do Português.
"Caso contrário, estaremos a falhar em relação a algo que é de longo-prazo e é importante para a projecção de Portugal no mundo e para a consolidação de Timor-Leste como Estado independente", declarou João Gomes Cravinho à Lusa."


Primeiro: não sei o que é que o "coiso" tem a ver com as calças: porque é que um eventual falhanço do crescente uso do Português em Timor Leste fará com que "acontecerá o mesmo noutros países". E que países serão esses, Santo Deus? O Burkina Faso? O Iraque? Algum dos "países lusófonos"? O Brasil? A Guiné Bissau? Explica-te, homem!...

E essa de um desafio que tem de ser resolvido no próximo par de meses quer dizer o quê? Caramba, homem! Até me assustas! Até parece que te fizeram algum ultimato sobre o assunto... Será? Huuummmm!... Não acredito. E apesar de o João Câncio (Ministro timorense da Educação) ter tido uma parte da sua formação na Austrália ele é um exímio falante de Português, um homem educado e nada propenso a ultimatos e já tem reafirmado várias vezes que a opção pelo Português como língua oficial é imutável.
Então o que se terá passado? Aqui há gato... Desembucha, homem!...

Além disso não gostei, sinceramente, dessa "tirada" de que o vingar do Português em Timor é importante para a projecção de Portugal no Mundo. Desculpa lá mas acho que não aquece nem arrefece para a dita projecção. Além disso o critério essencial para mim não pode ser esse. Terá de ser o da utilidade para os timorenses. Por isso estou mais de acordo com o teu segundo argumento. Era bom se todos nos compenetrássemos que o problema da língua é (quase) exclusivamente timorense. Eles que resolvam!

Mas de qualquer maneira entendamo-nos numa coisa: se, coisa em que não acredito pelo que oiço nas ruas de Dili e vejo nas próprias estatísticas (o de que há, hoje, muito mais pessoas a falar um mínimo de português), o desenvolvimento do uso do Português em Timor falhar não me sinto um "falhado" por causa disso nem acho que Portugal se deva sentir como tendo falhado.
Afinal de contas Moçambique e Angola (e os outros PALOP) não tiveram nem um "cheirinho" do apoio que temos dado a Timor neste domínio e no entanto eles aí estão, falando Português pelos cotovelos!
Porquê? Sabes, não sabes? Porque os seus dirigentes não andaram com "meias tintas" e paninhos quentes na sua opção. Tomada a decisão, foram em frente na sua implementação sem hesitações. Ser capaz de decidir e implementar as decisões tem destas vantagens...