segunda-feira, 9 de junho de 2008

Com papas e bolos...

Afazeres profissionais e outros têm-me impedido de dar a minha "dentadinha" de vez em quando... Parece que foi de propósito para depois "morder" várias canelas ao mesmo tempo mas não foi.

A primeira canela a morder é a do Manuel Alegre. O homem deve pensar que, porque escreveu um dos mais belos poemas da língua portuguesa e que se tornou um símbolo da luta contra o fascismo --- sim, claro que me refiro à Trova do vento que passa ---, toda a gente está disposta a "engolir" os seus pensamentos profundissíssimos ( :-) ) sobre política e, agora também, sobre a economia do país e, quiçá, do mundo.
Foi, de facto, com enorme tristeza que o vi "afundar-se" completamente nas suas últimas declarações na entrevista que deu à TV. Que pobreza de análise dos problemas. Parecia que estava no café da esquina conversando diletantemente com uns compinchas no meio de uma rodada de cafés. E tudo com aquele ar de grande intelectual e de ser "profundissíssimo" que ele sempre tem. Que pose!...
Mas quando se espera que "dê duas para a caixa" em termos de ir mais ao fundo das questões e apresentar soluções alternativas, "tá quieto ó mau!..." Nada! Não sai nada! Como podia sair se lá dentro não há nada?!...

Curioso é como "matéria atrai matéria"... Só assim se compreende a sua presença no comício levado a cabo, entre outros, pelo "Berloque de Esquerda"... É que estes são outros que tais!... Parecem uma coscuvilheiras: dizem mal de tudo e todos mas quando chega a hora de fazer propostas alternativas que se perceba serem minimamente exequíveis... zzzzzzzzzzz! Ouvem-se as moscas!
E é pena. Habituei-me (mal?) a ter alguma consideração intelectual e académica por dois dos principais expoentes do Bloco: Francisco Louçã e Fernando Rosas. Mas que desilusão política!... Principalmente o primeiro, de quem se esperaria mais à partida... Mas afinal tem apenas um "mamar doce"...
Propostas concretas que se adivinhem com pernas para a andar é coisa que nunca vi por aqueles lados! O deserto completo de ideias sobre muitos temas é confrangedor. É só maledicência e pouco mais: sugerir caminhos alternativos? Estudar bem os dossiers e explicar o fundo das questões? Dá muito trabalho e não rende votos. O que é necessário é dizer mal de tudo e de todos... Com a tranquilidade de quem sabe antecipadamente que nunca na vida o chamarão à responsabilidade pela execução de políticas porque nunca, mas nunquinha mesmo, se sentarão na cadeira do poder... Assim também eu... Nem vale a pena perder tempo a sugerir alternativas porque sabem à partida que nunca terão de responder por elas!

Finalmente, uma mordidela nos camionistas. Será que não percebem que se o problema é geral a vários países simultaneamente então é porque o problema não é dos país (do Governo...) A ou B mas sim, muito provavelmente, de um país/Governo C que veio a sugerir determinadas medidas de austeridade. Mais, muito provavelmente a causa é exterior aos intervenientes mais directos.
De facto, é isso que se passa... As políticas norte-americnas de baixar a taxa de juro e também os valores do USD levaram a que muitos dos operadores nos "mercados bolsistas" se virassem, face ao fraco rendimento dos "papéis", voltarem-se para os mercados de matérias primas (incluindo o petróleo) para nele especularem e, por arrastamento --- anda por aí muito dinheiro "à solta"... ---, provocarem o aumento significatido de preços.
Enquanto os agentes destes mercados não forem mais "domesticados" através de normas apropriadas (impossível) ou pelo jogo do mercado, a especulação e a subida dos preços vai continuar. Helas!...
Não há por aí quem explique isto aos motoristas? E do serve baixar hoje 5 cêntimos em litro se amanhã o preço vai subir para 1 euro ou mais? O estado terá de reduzir o imposto sobre o combustível de cada vez que haja subida do petróleo bruto? E se ele descer este imposto o Governo vai ou não ter de mexer noutros impostos? Claro que sim ... Resta saber quais.