quinta-feira, 22 de maio de 2008

Bem prega Frei Tomás!... Alguns elementos sobre a ajuda internacional da União Europeia (e de Portugal, claro)

Acaba de ser publicado (hoje) pela confederação europeia de ONGs de apoio ao desenvolvimento uma análise sobre a ajuda internacional da União Europeia, particularmente dos países que há mais tempo participam nela e na ajuda ao desenvolvimento.
Trata-se do documento No Time to Waste: European governments behind schedule on aid quantity and quality; o seu título diz logo ao aque vem já que pode ser traduzido, com alguma liberalidade, por "os governos europeus estão atrasados em relação ao programado quer na quantidade quer na qualidade da ajuda".
Quanto à quantidade, o gráfico abaixo ilustra a situação: tendo afixado para si próprios que a ajuda a conceder aos países em desenvolvimento seria de 0,51% do Rendimento Nacional em 2010 e 0,7% em 2015 --- data em que termina o prazo para alcançar os chamados "Objectivos do Milénio" pelos países em desenvolvimento ---, a verdade é que a situação é muito díspare entre os países. Se uns, os países nórdicos, já ultrapassaram hoje as metas fixadas (incluindo a mais alta), vários países estão muito abaixo do programado e será impossível alcançarem aquelas metas nas datas previstas. Portugal é um destes casos, com apenas 0,21% em 2006, valor que desceu para 0,19% em 2007 (clique nas imagens para as aumentar, sff).

Além disso, o nosso país é dos que têm a sua ajuda mais "ligada". Isto significa que uma parte muito significativa é constituída por bens/serviços nacionais, sendo muito menor a parte que é usada para adquirir bens/serviços a outros países mas com destino final aqueles a que Portugal concede ajuda. Neste domínio a Itália é, de longe e desde há muitos anos, a recordista. Note-se que se considera que uma ajuda menos "ligada" é algo de positivo porque permite que se adquiram bens e serviços mais em conta noutros mercados (por exemplo outros países em desenvolvimento) para fornecer aos países receptores da ajuda.



Por outro lado e quanto ao futuro, o gráfico abaixo ilustra bem a evolução que se espera vir a acontecer. Como se pode verificar a tendência actual é vir a ficar-se muito aquém do prometido pelos países europeus.
Recorde-se que estes exercem grande pressão sobre os países em desenvolvimento para que adoptem e alcancem as metas fixadas para os 7 Objectivos do Milénio que devem prosseguir mas quanto ao único que é da sua própria responsabilidade... "moita, carrasco!...". Em vez dos 67 mil milhões de euros que deveriam ser gastos em 2010 as despesas de ajuda não deverão ultrpassar cerca de 42 mil milhões, menos de 2/3. Bem prega Frei Tomás!...


Finalmente, refira-se que o relatório faz também uma análise da cooperação externa de cada país europeu mais envolvido na ajuda ao desenvolvimento. Abaixo está a informação relativa a Portugal

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