sexta-feira, 16 de maio de 2008

Mais olhos que barriga...

A LUSA, em despacho de Dili divulgado pelo Timor Online a propósito da reunião naquela cidade dos ministros da Defesa dos PUPLO ( :-) ) --- Países que Usam o Português como Língua Oficial :-) ---, dá conta de algumas das linhas de força (já conhecidas) do desenvolvimento futuro das Forças Armadas timorenses, particularmente da sua componente naval.
Nele se refere que tal evolução, definida no famoso relatório "2020", prevê que

"A Força Naval Ligeira deve possuir uma capacidade de desencorajar qualquer acto de humilhação do Estado de Timor-Leste no mar, ou atentatório dos seus interesses vitais", lê-se no caderno estratégico.
O quarto vector dessa Força refere "navios combatentes (classe de fragatas e corvetas, incorporado com mísseis terra-terra e terra-ar)" e apoiada por um "núcleo de navios patrulha oceânicos, unidade de helicópteros de apoio e ataque, radares e sensores da última gama, Fuzileiros Navais e mergulhadores para contra-medidas de minas". "

Considerando que estamos a cerca de uma dúzia de anos daquela data --- o ano 2020 ---, parece-nos evidente que os autores do relatório tiveram "mais olhos que barriga" pois o país não estará em condições de cumprir as metas fixadas.
Para além da velha questão de ter de haver uma opção entre "manteiga" e "canhões" quando se trata de afectar recursos (financeiros) escassos --- que continuarão a sê-lo malgré os rendimentos do Fundo Petrolífero ---, há que pensar se há (se haverá na época) os recursos humanos necessários. É evidente que não. Uma "Marinha", mesmo que "de algibeira", não se cria "do pé para a mão"... Basta pensar no que foi a vida útil das duas lanchas de fiscalização actualmente disponíveis...
Mas isso não significa que não tenha de se equacionar a questão da existência de uma força naval (minimamente) "condigna". Claro que sim mas o melhor é ir "empurrando com a barriga" o horizonte temporal...
Nesse sentido o relatório deveria chamar-se "2120" em vez de "2020"? Também não é preciso exagerar, né?!... Mas... e que tal se fosse "20-e-'picos'"? Pois... O problema é saber quantos "picos"... 40? 50? 60? 70? Huuummmm.... O pior (?) é que nessa altura (ou lá perto...) é capaz de já não haver (quase) nada para defender no Mar de Timor (no "taci mane", o que tem petróleo) ...

PS - A actual componente naval das F-FDTL integra, como se sabe, apenas duas pequenas lanchas de fiscalização cedidas por Portugal em 2002 (a "Oecussi" e a "Ataúro", cujas madrinhas são Ana Pessoa e Fernanda Borges) e que têm sido muitíssimo pouco utilizadas. Estiveram "em fabricos" (reparação) na Indonésia (financiamento português) até há pouco tempo depois de terem sido muito danificadas já em Timor, nomeadamente aquando do pequeno 'tsunami' que aí se verificou há poucos anos.
Veja também informações (limitadas) sobre o que são fragatas e corvetas (exemplo: as fragatas MEKO da "classe Vasco da Gama" da Marinha Portuguesa) e navios de patrulha oceânicos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostaria somente de referir que as duas lanchas da classe Oecusse, que apesar da sua idade estão completamente operacionais.

A sua utilização actual está virada para o treino das duas guarnições, o patrulhamento das águas territoriais timoreses viradas a norte, e a representação naval do Estado timorense.

Estes dois meios navais, são uma peça fundamental para que nasça uma tradição naval que Timor-Leste não tem e uma excelente plataforma para treinar as guarnições dos meios navais que virão num futuro próximo.

Em termos práticos, elas navegam duas vezes por semana, em situação de treino. O exemplo está na ida planeada a Oecusse onde os navios navegarão em formatura e em treino de navegação nocturna. É uma missão de 19 a 22 de Maio.

É claro que o Estudo 2020, é uma visão ideal do que se pretende. É portanto uma pequena utopia que com certeza irá ser atingida num tempo não muito distante com a ajuda de Portugal, com o seu imenso know-how marítimo/naval.

Existem muitos que não estão de acordo, mas sem uma afirmação forte do Estado de Timor-Leste. Afirmação essa equilibrada para permitir que o país cresça por igual e que ocupe o seu lugar no mundo.

Por favor, não critiquem à toa, mas façam-no de uma maneira construtiva. E nunca se esqueçam, que se Timor-Leste não ocupar o seu mar, outros o farão por ele.
Não é isso que querem, pois não?
Ou é?

;-)