quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Eu percebo-te, Sócrates! Preso por ter cão e preso por não ter...

Pois é: Sócrates "deixou cair" o Ministro da Saúde, dos poucos que teve alguma coragem para fazer reformas de fundo no sector e, com isso, ir contra muitos interesses instalados. E muitas incompreensões. Nomeadamente de muitos autarcas, que ajudaram a "envenenar" as populações dando-lhes a ideia de que estavam a tirar-lhes uma coisa que, afinal, verdadeiramente não tinham. Ou tinham mas a que custos! Não me esqueço do exemplo que Correia de Campos deu: ter uma urgência aberta durante a noite para atender 3 pessoas significava que no dia seguinte, e para repouso do médico, ficassem 25 doentes por consultar...
Não faz sentido ter uma verdadeira urgência em cada esquina. Por vontade dos autarcas e das pessoas, era o que havia: desde que desapareceram os médicos do tipo "João Semana" que as pessoas se sentem órfãs e saberem que tinham uma urgência ao pé da porta dava-lhes ânimo... Era como se fosse assim a modos que uma "loja de conveniência" da saúde ali à mão de semear...
Com os avanços da medicina, por um lado, e a escassez de médicos, por outro, a solução é, mesmo, reduzir as urgências para que tratem em condições aquilo que são verdadeiramente urgências. Porque o problema está em que provavelmente mais de 80% das consultas nas urgências hospitalares não o são, de facto!

E agora? Começando a pensar nas próximas eleições e vendo que as reformas (necessárias) no sector poderiam custar-lhe caro, Sócrates optou pelo que lhe pareceu ser, a curto-médio prazo, o mal menor: deixar sair o Ministro que estava a ameaçar "contaminar" o conjunto do Governo com a contestação que sofria. Cedeu às pressões de parte da opinião pública e, receio, principalmente à de parte da opinião publicada... O problema é que, como acontece com certos animais, quando provam o sabor do sangue querem mais sangue... Será que a próxima será a Educação?
Fizeste mal, Zé, mas compreendo-te... E provavelmente teria feito o mesmo: tentar escrever direito por linhas tortas... Já houve quem o fizesse...

O que vai fazer a próxima ministra? Quase de certeza "limitar avarias"... Isto é: o caminho traçado não deverá ser significativamente alterado, recuará aqui ou acolá para dar a ideia de que atende as populações e vai tentar "voar baixinho", reduzir a velocidade das reformas, para que a hostes acalmem.
Só espero que não altere na prática aquilo que disse logo quando se soube que iria substituir Correia de Campos: o caminho é por ali... Em frente! Ainda que mais devagar. "Reunidas" as tropas e passadas as próximas eleições, "a luta continua". Espero eu de que...

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