quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A opção de dizer "Não, obrigado!"

Segundo notícias da LUSA veiculadas pelos jornais, o que se passou quanto à ida de mais soldados e mais polícias australianos para Timor Leste foi descrito pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros timorense da seguinte forma:

"Zacarias da Costa, explicou ontem que, na realidade, Díli aceitou o que Camberra sugeriu, formalizando o "pedido". "Para ser mais preciso, foi Camberra que ofereceu. Não fomos nós que pedimos. A Austrália voluntarizou-se para apoiar imediatamente na sequência dos incidentes. Agradecemos muito esse apoio" "

É conhecido o interesse da Austrália em assumir --- e fazer com que os outros o saibam... --- a função de potência regional e de "cabo de esquadra" naquela área do Pacífico. É natural ou, pelo menos, compreensível. Faz bem ao ego. E depois do que fizeram aos aborígenes bem precisam de se sentirem com o peito cheio...
Assim sendo, é natural que tenham tomado a iniciativa de oferecer os seus préstimos ao vizinho num momento difícil. Para eles até foi um acto simpático, de boa vizinhança: "Ó vizinho! Você é um lingrinhas e achamos que não tem capacidade para dar um bom par de tabefes nesses mariolas que aí tem mas olhe que eu tenho aqui uns mocetões habituados a beber cerveja e comer uns belos bifes de churrasco que o podem ajudar a dar umas palmadas nos tipos. Eu vou mandar uns quantos, tá? E já agora mando também uns que podem ajudar depois a apanhar os cacos..."
Deve ter sido mais ou menos assim o diálogo. 'Tou mesmo a ver que foi. Parce que os estou a ouvir!...

Até aqui tudo bem. Mas o meu ponto não é esse. O meu ponto é que Zacarias (e o patrão dele) deveria ter-se lembrado que já lá tinha uns mocetões iguais aos que lhe estavam a oferecer e que eles não tinham feito nada de especialmente útil até então. E deveria ter adoptado a posição mais "pró-activa" (?) de lembrar isso mesmo e dizer simplesmente "não, obrigado! Primeiro vamos ver se a gente resolve o problema com a malta que cá temos e se não formos capazes então a gente pede mais 3 ou 4 mocetões. Tenha-os preparados aí na sua casa que a gente se precisar pede. ´Tá? Obrigado". E desligava repetindo: "obrigado! Valeu!..."

Mais explicitamenteainda o que quero salientar é que os timorenses, neste caso como em tantos, tantos outros, esqueceram-se que têm a opção de dizerem "não, obrigado!...". Habituaram-se de tal maneira a beneficiarem do "não se paga, não se paga!..." da ajuda internacional que se esqueceram de que podem dizer "não!" E isto é válido não só para esta área mas também para muitas outras de actuação daquela ajuda. Um bocadinho de mais orgulho por serem independentes não faz mal nenhum, 'tá?!...

1 comentário:

José Gomes disse...

Concordo consigo, Timor deveria tomar uma atitude mais firme. E pedir um inquérito independente à actuação dos soldados australianos nesta crise, Mas investigarem um ano antes para ver se se compreende a "amizade" que existia entre os australianos e o falecido Reinado... ou será que isto tudo é uma reinação?!!!!
Aquele abraço...
JG