sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Tem razão, PM, mas isso é só parte da realidade...

O Primeiro-Ministro de Timor Leste declarou recentemente em entrevista à LUSA a propósito da aplicação dos dinheiros do Fundo Petrolífero que "A fórmula actual [para essa aplicação] foi dada pela Noruega, mas se virmos a prática da Noruega, eles fazem quase o contrário" quanto à opção de investimento das receitas petrolíferas em títulos do tesouro norte-americano.
Não defendo --- nunca defendi e disse-o na altura apropriada "a quem de direito" --- a estratégia de investimento definida para o Fundo Petrolífero e defendo ainda menos que ela esteja escarrapachada na própria Lei do Fundo Petrolífero, com a rigidez que tal facto lhe confere e que só levanta problemas.
Mas é preciso ter consciência de que a Noruega tem uma estratégia de investimento diferente da de Timor AGORA, hoje, porque o seu Fundo de Pensões --- o equivalente do país ao Fundo Petrolífero --- tem um capital de "apenas" 350 mil milhões de USD (30/Set/2007). O que não é a mesma coisa que os 1,8 mil milhões do Fundo de Timor Leste (i.e., 0,5% do da Noruega!) naquela mesma data. No início do Fundo norueguês eles foram tão cuidadosos como o foram quando aconselharam Timor Leste (e já agora: eles podiam "aconselhar" mas quem mandavam eram os timorenses. Esqueceu-se?).
Comparar alhos com bogalhos é uma tontice! Além de que tem de se lembrar, isso sim, é que as estimativas que existiam quanto aos valores futuros do Fundo quando a Lei foi aprovada eram bem "conservadoras" (cerca de 220-230 milhões USD para meados de 2007). O que existia em meados de 2007 (1800 milhões em Setembro/07) não era cogitado na altura e só foi possível porque os preços do petróleo "dispararam" até preços então inimagináveis.


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