Hoje é o Dia Internacional da Mulher e se a minha mãe fosse viva faria hoje anos! Sei que não foi por causa do seu aniversário que este dia foi escolhido para homenagear as mulheres... mas para mim é como se fosse. A cada um a sua mentirinha...
E ao lembrar-me da minha mãe ('tá quieta, lágrima!...) lembro-me também das mães de Timor e, em geral, das mulheres timorenses, essas grandes heroínas, a maior parte anónimas, da resistência e da luta pela independência ao sofrerem o que sofreram no corpo e na alma (porque não ficaste onde estavas, lágrima?!...) ao verem os seus filhos "triturados" pelo monstro da repressão indonésia.
Que todas as outras me perdoem --- principalmente as que sofreram na carne ainda mais que ela --- mas para mim há uma que será sempre a "mãe", a "mulher" timorense: aquela a quem eu costumo chamar "senhora professora", a Olandina Caeiro.
Ela recusa sempre o "epíteto" mas eu insisto: filho e neto de professores do ensino primário, habituei-me a ver nestes uma referência. E professor uma vez, professor se fica para toda a vida. Ser professor é uma função, não uma "mera" profissão. E a Olandina, agora com a sua ONG timorense, que outra coisa tem sido que professora toda a vida? Os livros é que são diferentes!
O meu primeiro encontro com ela marcou-me para sempre (lembras-te, António? Até lhe beijei as mãos!): a visão de uma mulher cheia de marcas de queimaduras de cigarros era coisa que até então me era completamente estranha e foi ao vê-la que passei a fazer dela a minha heroína "secreta"...
Em si, Olandina, no Dia da Mulher e no dos anos da minha mãe, presto a minha homenagem à Mulher Timorense! (bolas! Porque insistem em sair todas ao mesmo tempo?!... Não podiam ter ficado simplesmente a bailar onde estavam?!...)
sábado, 8 de março de 2008
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4 comentários:
MULHER TIMORENSE
Carregas no olhar
os azuis das montanhas
onde as lágrimas secaram
em esperas...
Esperas que regressem
aqueles que pereceram
às mãos dos ocupantes.
Sentada no tear
teces a tais
e silenciosa continuas a aguardar
que o teu filho, o teu pai, ou teu irmão
voltem para casa,
porque a Libertação (está a chegar) chegou!
Mulher timorense:
com muito carinho
ergues altares e acendes velas,
levas flores aos teus mortos:
ao Manelito,
ao Adelino,
e a tantos outros que pereceram...
Mas tu MULHER TIMORENSE
com tuas mãos, vais construir uma Nação!
Palmira Marques
Coimbra
Bolas, amigo, isto doeu!... e eu que sou um sentimentalista nato, não admira que as lágrimas tenham bailado - não, os óculos é que embaciaram!! Este poema é lindíssimo e, se a Palmira Marques autorizar, vou lê-lo na próxima Noite de Poesia (em S. Mamede ou em Vermoim).
Meu amigo, sobre a ministra, tenho o mesmo exemplo em casa! Uma professora que se dedicou sempre à Escola e aos alunos, que sempre adorou a profissão e que agora anda a dizer que vai pedir a reforma e não vai esperar os anos para ter a reforma completa.
Um abraço
Caro José Gomes:
Quero agradecer as palavras que me endereçou, mas o mérito é das mulheres de Timor e não meu!Considero que a "poesia" é universal, pertence a todos e passo-a para o papel porque não consigo guardá-la só para mim,por isso,pode lê-la sim,porque ela não me pertence!
Palmira marques
Obrigado, Palmira Marques.
Espero já lê-la no próximo dia 21 de Março, na Noite de Poesia do Flor de Infesta.
Obrigado pelas suas palavras.
Jos´Gomes
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