sexta-feira, 7 de março de 2008

Ministra da Educação: 1 -- Professores: 50000

Confesso que, por não me interessar directamente, não tenho acompanhado muito de perto a questão da avaliação dos professores e, em geral, das relações "pior que estragadas" entre a Ministra da Educação e os professores (do ensino secundário).
Mas hoje ao almoço "caiu a ficha".
De facto, depois de não nos encontrarmos há alguns meses, almocei com uma prima minha que começou a carreira em 1971, i.e, há quase 37 anos mas que, devido à idade, terá que trabalhar mais cerca de 5 anos para ter direito à reforma por inteiro, sem penalizações.
Recordo que é uma daquelas professoras que adora o contacto com os alunos, é respeitadíssima por eles e que (esta é minha...) é das tais que se não tivesse que pagar as cenouras, os bróculos e os caracóis (ambos adoramos caracóis...) pagaria de bom grado para poder dar aulas. E boas aulas, ainda por cima!
Ora o que me chocou foi ouvi-la dizer que está seriamente a pensar em pedir a reforma antecipada porque desde que esta ministra entrou em funções se fartou do que considera ser tanto ataque aos docentes. Mais: sente que os alunos estão a perceber que se estão tornando nos "reis da cocada preta" e fazem cada vez menos esforços para manterem o que restava de algum respeito pela instituição "Escola".
E quando uma mulher nestas condições (refiro-me à minha prima e não à ministra) me diz que está disposta a abandonar a profissão que adora por já não ter ânimo para continuar mais cerca de cinco anos, então é porque alguma coisa vai mesmo mal... E, segundo parece, reacções como a da minha prima não são únicas. Será que um sistema que gra reacções destas é um bom sistema? Ou, pelo menos, um sistema que não precisa de ser repensado?
Eu acho que se a ministra soubesse do caso da minha prima decidia, na hora, parar para pensar duas vezes....

Mas há uma outra perspectiva: a do próprio governo. Será que a ministra pensa que está a render votos ao governo? Evidentemente que não é para isso que um ministro, principalmente da educação, deve estar no seu ministério mas acho que cada um deveria ter o bom senso de se questionar permanentemente se está a ser um "activo" ou um "passivo" para o Governo a que pertence.
Claro que a vocação de um Ministro da Educação é, em qualquer dos casos e se quiser deixar obra que se veja NO BOM SENTIDO, ser um "passivo" a curto prazo e um "activo" a (muito) longo prazo.
Será que ela se apercebe que está a deixar o governo (e seu chefe) mais dependente dela do que o contrário? E deverá ser assim? Não me parece.
Quer isto dizer que na véspera da "manif dos dr's" eu defendo a demissão da ministra para que ela não arraste para o fundo o governo? Não. Tal como achei que foi uma asneira a saída do Ministro da Saúde também acho uma asneira a saída desta. Mas é uma pena que não se consiga juntar facilmente na mesma pessoa o bom gosto e o bom senso...
Porque será que eu sou das poucas, pouquíssimas, rarississimas excepções? :-)

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