Ângela Carrascalão no seu blog "Timor" no Público referiu-se ontem ao problema da dieta alimentar de Timor Leste, mais concretamente à divulgação, pela mão dos indonésios e suas políticas de distribuição de sacos do cereal e de prática de preços subsidiados, do uso do arroz na dieta alimentar dos timorenses em substituição do milho.
Hoje surgem notícias sobre medidas que o Governo estará a estudar para tentar fazer face à crise de abstecimento e de preços que já está instalada e que se prevê venha a agravar-se ainda mais no futuro.
A Indonésia, ao mesmo tempo que através de várias medidas acelerava o passo da urbanização de Timor, incentivou a alteração do tipo de alimentação: "milho", o cereal mais produzido e consumido nas montanhas do país era sinónimo de "rural", "atrasado", enquanto que "arroz" --- produzido em Timor ou importado de outras províncias da Indonésia, era sinónimo de "urbano", de "moderno". O resultado está à vista: hoje em dia nas montanhas continua a consumir-se milho --- mas o arroz está muito presente --- mas nas cidades quase só se consome arroz, nomeadamente importado (bem mais barato e fácil de comercializar que o arroz timorense).
A disponibilidade de recursos financeiros proporcionada pelo dinheiro do petróleo e uma mais que demonstrada apetência pelo uso (e abuso) de concessão de subsídios (afinal uma política económica que faz parte do imaginário de governantes e governados e herdada da Indonésia) pode levar o Governo a optar pela solução fácil de se substituir ao mercado comprando arroz no mercado internacional e vendê-lo no mercado a preço subsidiado. Pelo menos um saquito de 30 kgs por família/mês...
Mais difícil mas certamente mais indicado seria, como sugerido por Ângela Carrascalão na 'entrada' do seu blog , uma política de reintrodução do milho na alimentação das cidades. Tal qual ou sob várias formas derivadas, nomeadamente sob a forma de pão... De preferência com umas rodelinhas de chourição...
Até porque a anunciada política de incentivo à produção interna de arroz só resultará se for possível apostar em técnicas mais produtivas, nomeadamente através da utilização de fertilizantes. Ora é exactamente o encarecimento dos factores de produção (feritilzantes, energia) que está, em parte, a ser o responsável por uma certa insuficiência da oferta de arroz no mercado internacional que tem levado ao aumento do seu preço.
Além disso, com o preço do arroz nacional bem acima do do importado, quem lhe vai pegar?
O melhor mesmo é o pãozinho de milho com chourição... e outras "delikatessen" à base de milho.
Ó Ângela: porque não dá uma de Maria de Lourdes Modesto e vai à televisão fazer uns pratos à base de milho?!... Topa? :-)
E, já agora, não se fique por aí: alargue o âmbito do programa e ajude a, com recursos do país, melhorar a dieta alimentar dos seus patrícios. Eles precisam tanto... E têm tanta coisa boa que pode ser melhor aproveitada! Seria um dos melhores serviços públicos que poderia fazer. VEXA ou outrém, não sou esquisito...
Estou convencido que a Fundação Oriente dava uma ajuda... Nem que seja disponibilizando a cozinha do Hotel Timor. Mas não só. Porque não publicar uma rubrica de culinária nos jornais diários? Já me lambo...
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário