sexta-feira, 4 de abril de 2008

Pois é!... A vida não 'tá fácil não...

É notório que a inflação em Timor Leste, que tinha sido (taxas homólogas de Dezembro de cada ano) de 1,8% em 2004, 0,9% em 2005 e 7,3% em 2006, não tem dado descanso nos últimos tempos, particularmente durante todo o ano de 2007 e, mais em particular ainda, em Fevereiro/07 e nos meses que se seguiram à "crise do arroz" que então se viveu no país (nesse mês a taxa de inflação relativamente ao mesmo mês de 2006 foi... 17,9%).
Em Dezembro de 2007 a taxa (face a Dez/06) foi de 8,6%, mais 1,3 pontos percentuais que em 2006.

Isto é: parece que a taxa de subida dos preços não quer abrandar. Pior, o panorama em relação ao futuro a curto/médio prazo não parece ser o melhor.
Na verdade haverá (pelo menos) três factos que poderão contribuir para isso.
O primeiro é o de que o banco central, por não ter autonomia de política monetária devido ao facto de se utilizar o dólar americano como moeda nacional, pouco pode fazer para controlar as pressões inflacionistas que se sentem na economia.
O segundo é o de que a contínua desvalorização do USD tende a exercer alguma pressão para o encarecimento de (pelo menos parte) das importações --- e sabe-se que Timor importa que se farta...
O terceiro e último que queremos abordar aqui é que as perspectivas do mercado internacional de uma das principais importações do país e que entra com uma percentagem importante no cálculo do Índice de Preços no Consumidor --- referimo-nos ao arroz --- não são as melhores. A figura abaixo ilustra o rápido crescimento dos preços do arroz no mercado internacional.

A FAO, a organização do sistema das Nações Unidas para a alimentação e agricultura calcula que o preço médio do arroz em 2007 tenha subido cerca de 17%, com parte mais significativa da subida a ocorrer durante a segunda metade do ano.
Para 2008 as perspectivas não são muito melhores. De facto e segundo ela espera-se que nos próximos meses se verifiquem novas subidas dos preços porque os níveis de stocks mundiais são relativamente reduzidos e porque vários países exportadores, face à situação, estão a impor restrições às suas exportações do cereal, tudo exercendo pressões no sentido da alta do preço.
Ora os "cereais, raízes e seus produtos" --- em que a "parte de leão" é constituida por arroz --- têm um peso de 13,1% no índice de preços no consumidor em Timor Leste. A pressão para o aumento do preço do cereal vai, pois e quase inevitavelmente, repercutir-se na taxa global de inflação. As subidas de salários na função pública e (agora) o significativo aumento das "transferências" para determinados grupos da população vão, quase de certeza, "ajudar à festa".
A ver vamos onde vamos parar... Com o preço do petróleo a ajudar, não sei não... Vamos bater novo record? Eu se fosse a vocês ia pondo as barbas de molho...

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